Ester Corrêa: Atenção primária à Saúde
APS. Em algum momento, profissionais da área da saúde já devem ter ouvido falar sobre essa esfera de atendimento. Segundo Barbara Starfield (2002), “APS é o primeiro contato da assistência continuada centrada na pessoa, de forma a satisfazer suas necessidades de saúde, que só refere os casos muito incomuns que exigem atuação mais especializada”.
Ainda que possa ser um tema distante da vivência de alguns, ou até mesmo do contato que tiveram com essa modalidade de atendimento, alguns conceitos básicos são pouco explorados.
Quando falamos de Atenção Primária a Saúde, estamos retratando um passo atrás, a prevenção aos agravos, um acompanhamento disciplinado. Para que esse acompanhamento aconteça, temos os profissionais da área, com especializações, habilidades e capacitação nesse ramo da ciência para enxergar muito além da doença.
Quando algum fator causa um desequilíbrio entre os pilares que sustentam nossa saúde, temos o que chamamos de doença, seja ela do lado biológico, psicossocial, emocional ou até espiritual, e essas, são imprescindíveis que estejam em sintonia para manutenção de uma vida saudável. Por esse motivo, os profissionais que atuam em saúde da família, ou atenção primária, são treinados e capacitados a enxergar além de uma queixa. Por trás de uma “dor de cabeça” frequente, pode estar ocorrendo situações desencadeadoras dos sintomas em questão. Quando abordamos esses tipos de situações, temos uma visão ampla, uma escuta detalhada, um acolhimento humanizado fazendo com que esse paciente sinta-se confortável em trazer as mais diversas angústias causadoras dos sintomas, se assim sentirem confortáveis. Como profissionais da Atenção Primária, essa é uma grande missão — ouvir, acolher, solucionar.
De acordo com Starfield (2002), as principais características da atenção primária à saúde (APS) são:
Acessibilidade — espera-se da APS que seja mais acessível à população, em todos os sentidos, e que com isso seja o primeiro recurso a ser buscado. Dessa forma, a autora fala que atenção primária, é o primeiro contato da medicina com o paciente.
Continuidade do cuidado ou longitudinalidade — a pessoa atendida, mantém seu vínculo com o serviço ao longo do tempo, de forma que quando uma nova demanda surge, esta seja compreendida com mais eficiência.
Integralidade — o nível primário é responsável por todos os problemas de saúde, ainda que parte deles seja encaminhada a equipes de níveis secundários ou terciários.
Coordenação do cuidado — mesmo quando parte da assistência à saúde de uma pessoa for realizado em outras esferas de atendimento, o nível primário tem a incumbência de organizar, coordenar e integrar esses cuidados, e frequentemente são realizados por profissionais de áreas diferentes ou terceiros. É importante destacar aqui, que é de extrema importância o relacionamento do médico da família com os demais profissionais que atende um mesmo indivíduo, pois, assim, garantimos a assistência integral e a coordenação do cuidado de forma efetiva, com objetivo de solucionar e melhorar a qualidade de vida.
Neste contexto, a Atenção Primária (APS) é o primeiro nível de atenção em saúde que se caracteriza por um conjunto de ações, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção, proteção, e prevenção de agravos da saúde, auxiliando no diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos e principalmente a manutenção da saúde.
Dessa forma, uma vida saudável não se limita somente ao corpo puramente biológico, mas em um contexto amplo do cuidado centrado em pessoas, famílias e comunidade, ofertando melhorias de saúde, com abordagem integral no processo saúde doença.