Não é sobre flores ou doces. Nem sobre ser princesa ou guerreira. É sobre ser mulher, com suas dores e emoções
“Você já tem quase 50 anos e vai ser muito difícil empreender do zero. Deveria procurar uma estabilidade”. A frase foi dita por uma mulher para a Relações Públicas Marcia Leite, 49 anos (50 a serem completados no próximo dia 27), no que ela chama de um dos períodos mais desafiadores de sua trajetória profissional: uma demissão em plena pandemia.
Sem chão e se vendo menos capaz de que outros concorrentes mais jovens, ela encontrou no empreendedorismo um caminho para um antigo projeto: criar um hub de comunicação que conectasse pessoas por suas habilidades e histórias profissionais, dando origem à Comunica Hub.
Algo parecido aconteceu com a executiva Comercial Alicia Perez.
O que elas têm em comum, além do fato de terem se conectado pelo trabalho há poucos meses? Apesar de cruel, o julgamento dos “quase 50” chegou para ambas, ainda que em situações diferentes, em momentos de fragilidade pessoal, profissional e física – neste caso, na menopausa.
Adepta aos esportes e conectada com estudos e práticas espiritualizadas, Alicia, em 2020, se viu em uma crise de Bournot e em uma depressão profunda. “Senti os efeitos de ser afetada como nunca achei que seria na vida. Aconteceu nos campos mental, espiritual e no meu corpo físico. De modo geral, nós temos a obrigação de estarmos inteiras no trabalho e em casa onde, muitas vezes, somos a estrutura mais forte do pilar familiar. Sigo no meu processo de refazimento – e não de cura. No caminho, encontrei outras mulheres que me ajudaram e outras tantas que pude ajudar com a prática do yoga”, diz.
História singular vive a fotógrafa Susan Becker, com o Projeto Mulheres, que conta a história de mulheres reais a partir do olhar da profissional, buscando, por meio de sua própria história, a conexão de mulheres diversas que não se conhecem e não compartilham da mesma realidade, mas que permitem que umas se inspirem nas outras. “Quero retratar a beleza oculta, as experiências, as cicatrizes e as superações que nos tornam únicas”. O resultado de seu trabalho está em exposição na Estação Oscar Freire do Metro, em São Paulo, de 3 a 31 de março.
É na arte da fotografia, também, que Pamela Facco tem ajudado mulheres (não exclusivamente, mas no foco desta sugestão de pauta) em processos de cura emocional e aceitação do próprio corpo por meio do Projeto Poesia com Elos. A ideia nasceu quando uma amiga de Pamela, com depressão, pediu a fotógrafa que fizesse um ensaio sensual: a amiga queria se enxergar nas fotos, acreditando que isso a levaria a melhorar a sua autoestima.
Para a profissional, o pedido foi comum, porém ao fotografar não gostou das fotos com as mais belas lingeries que a amiga havia comprado para se deixar fotografar. Mas algo chamou a atenção da fotógrafa naquele momento. Depressiva, a amiga havia posado em duas fotos na posição fetal. E a leitura da foto pela profissional não poderia ser outra: aquilo mostrava a realidade, o momento difícil da vida que ela enfrentava.
Foi a partir dessa situação que Pamela começou a refletir sobre o poder da arte. “A arte é uma ferramenta de sublimação de nossas dores. Torná-la acessível e provar que todos somos capazes de encontrar esse caminho de cura é minha missão como mulher artista”, conta. Hoje, o Poesia com Elos soma centenas de histórias transformadas por meio da potência do corpo expressada pela arte da fotografia.