Casal que deu duas voltas ao mundo de carro lança livro
Apaixonados por longas viagens e aventuras, os catarinenses Roy Rudnick e Michelle Francine Weiss, de São Bento do Sul, estão agora desbravando um novo roteiro, mais curto do que o habitual, mas, segundo eles, extremamente prazeroso. Eles lançam o livro “Mundo Por Terra – Cada Canto Do Mundo” .
A obra ltraz uma coleção de fotografias captadas durante duas viagens de volta ao mundo feitas de carro pelo casal. São 156 imagens selecionadas minuciosamente entre as mais de 144 mil fotos captadas nas duas experiências. O resultado “transporta” os leitores à aventura, já que as fotos, quando abertas em páginas duplas, têm 51 centímetros.
“Escolhemos a dedo as imagens. Selecionamos poucas porque queríamos que fossem grandes, para que o leitor faça uma viagem fotográfica pela diversidade natural e cultural do planeta. Tudo feito com material da mais alta qualidade”, adianta Roy.
A programação de lançamento começou em Blumenau (SC), no dia 21 de março, e segue até o dia 23 de abril, com passagens por Florianópolis, Balneário Camboriú e Joinville, em Santa Catarina, e Curitiba, Ponta Grossa, Maringá e Londrina, no Paraná. Nos encontros com os leitores, o casal vai compartilhar um pouco das delícias e dos perrengues que enfrentaram para dar duas voltas ao mundo de carro. Uma aventura, garantem os autores, rica em lembranças e aprendizados.
Seis anos na estrada
Juntando as duas voltas ao mundo, Roy e Michelle ficaram seis anos e dois meses na estrada. Para visitar 103 países diferentes, eles rodaram 301 mil quilômetros.
A primeira viagem do casal foi entre 2007 e 2009. Eles passaram por 60 países, nos cinco continentes. Na volta, escreveram o livro “Mundo Por Terra – Uma Fascinante Volta ao Mundo de Carro” (2011), já na oitava edição.
O material traz um relato da viagem com histórias inusitadas, informações sobre os locais e o dia a dia dos viajantes. “Na volta, ficamos quatro anos e meio em casa. Escrevemos nosso livro, apresentamos palestras e fizemos exposições”, lembra Roy.
Escrever o primeiro livro, diz o autor, foi fundamental para obter os recursos financeiros necessários para a segunda aventura, que teve início em agosto de 2014. “Desta vez, priorizamos a parte Norte do mundo. Foram três anos e quatro meses na estrada e mais de 51 países. Pegamos um frio intenso em alguns lugares, como na Rússia, onde encaramos 50 graus celsius negativos.”
Ao final da segunda volta ao mundo de carro, nasceu o segundo livro do casal aventureiro: “Mundo Por Terra – Onde Terminam As Estradas”, lançado em 2020. A publicação descreve as experiências do casal entre os anos de 2014 e 2017.
Sonho de adolescência
O gosto pela aventura sempre inspirou e motivou Roy, que muito cedo já sonhava em descobrir como seria chegar ao “fim” da América do Sul. O que encontraria lá? Desvendar essa questão foi o motivo da sua primeira aventura, de moto, ainda sozinho.
Roy viajou até Ushuaia, conhecida como a cidade do fim do mundo, por ser o ponto mais ao Sul do planeta, distante pouco mais de mil quilômetros da Antártica. “Viajei até ver uma placa que marcava o fim da estrada, literalmente”, lembra.
Essa foi a largada para novas aventuras e viagens. Antes de conhecer a esposa, passou pela Bolívia, Peru e atravessou a Transamazônica. Depois, já ao lado de Michelle, foi ao Atacama, no extremo Norte do Chile. “Vieram outras viagens e, de repente, nossos sonhos cresceram e a América do Sul ficou pequena. Começamos, então, a olhar para o mapa mundi”, diz ele.
E assim as aventuras foram ampliadas e os quilômetros percorridos também. “Quando voltávamos de uma expedição, já planejávamos a próxima. Naquele tempo, as viagens duravam no máximo 20 ou 30 dias, pois fazíamos nas férias. Esses poucos dias nos davam ânimo para encarar a rotina durante o resto do ano”, relembra o autor.
Quando a ideia de dar uma volta ao mundo ganhou corpo, o casal precisou de um planejamento mais cuidadoso e longo. A primeira expedição começou a ser organizada cerca de um ano e meio antes da partida. “A gente costuma dizer que o planejamento dura toda a viagem, pois estamos sempre recalculando e refazendo os planos. Não tem como ser diferente. Na segunda viagem, nossa programação também começou um ano e meio antes, mas foi bem mais assertiva do que a primeira.”
Pé na estrada e boas recordações
O motorhome adaptado para a aventura foi o grande companheiro de jornada do casal, que passou por cinco continentes e visitou lugares como Paraguai, Argentina, Venezuela, Nova Zelândia, Austrália, Indonésia, Paquistão, Nepal, Tailândia, Turquia, Israel, Egito, Namíbia, Marrocos, Espanha, Portugal, Itália, Alemanha, Países Baixos, Bélgica e tantos outros.
Com disposição para aprender novas culturas e câmeras fotográficas em mãos, Roy e Michelle registraram tudo o que viram por onde passaram e, hoje, eles têm um acervo de muitas e belas imagens. “Vimos e vivenciamos muita coisa, aprendemos demais. Conhecemos povos isolados, que parecem viver em outro tempo. Nossa preferência é por países menos desenvolvidos, fora das rotas tradicionais de turismo”, diz ele.
Roy conta que um lugar que adoraram conhecer foi o Afeganistão, onde fizeram uma caminhada de nove dias pelas montanhas do Himalaia, ao Norte do país. Por lá, conheceram uma comunidade isolada. “Não há estradas até o local. É como voltar no tempo. Foi superinteressante”, relembra.
Perrengues e aprendizados
Os perrengues fazem parte das memórias do casal. Um deles foi na Rússia. “As estradas são elevadas para escoar a água e, no acostamento, há canais que formam uma espécie de ‘valeta’. Parei no acostamento para passar a direção à Michelle e acabei entrando nesse buraco. Foi um tombo de quase um metro. Capotamos e caímos sobre um monte de neve. Sorte que a queda foi tão macia que nem estragou o carro, mas o susto foi grande.”
Aventuras tão intensas rendem mais do que boas histórias. Trazem também aprendizados imensuráveis. Roy explica que o maior deles foi entender que é possível viver e ser feliz com simplicidade.
“Cada viagem durava cerca de três anos e tudo tinha de ser resolvido na estrada. O que tínhamos cabia no nosso carro. Então, passamos a ter uma vida bem mais modesta. Esse foi o nosso maior aprendizado: a possibilidade de ser feliz com o simples. Perceber que a gente não precisa ter muita coisa. E, quando saíamos do carro, aprendíamos que tudo o que estava ao alcance dos nossos olhos também nos pertencia”, conta.
Viagens em números
103 países visitados
301 mil quilômetros rodados
2.230 dias na estrada
6 jogos de pneus gastos
32 mil litros de diesel consumidos
R$ 300 mil (custo total das duas viagens)