Pix chega a 73 milhões de transações financeiras em um dia e aponta novos comportamentos financeiros da população
Na última sexta-feira (06/05), o Pix bateu recorde de transações em um único dia: foram 73.198.432 operações em 24 horas, segundo dados do Banco Central. Trata-se de um crescimento aproximado de 10 milhões de transações no comparativo com o recorde anterior, do dia 7 de abril deste ano. Para o especialista em regulação José Luiz Rodrigues, essa é uma certeza de que o Pix está sendo fundamental para que a sociedade evolua cada vez mais para hábitos digitais no cenário financeiro.
“Quando houve a implementação do Pix, o desafio foi além de oferecer um meio de pagamento mais rápido e seguro, mas também de mudar o comportamento predominante de uma população que atua em massa com o dinheiro físico. Se no primeiro momento o Pix conseguiu superar as transações via TED, DOC e boleto, agora estamos falando de uma sociedade que está incluindo o pagamento digital não só nas transações que já realizava virtualmente, mas no seu dia a dia”, explica José Luiz, que também é sócio da JL Rodrigues & Consultores Associados.
Para o especialista, o crescimento do Pix também afetou a gestão dos negócios, já que houve uma mudança na dinâmica dos empreendedores, principalmente os pequenos, de possuírem menos dinheiro em caixa. Outra modificação ocorreu nas instituições financeiras, alterando a receita obtida na prestação de serviços de pagamentos: se antes elas ganhavam por valores transacionados, hoje elas ganham pela quantidade de transações.
Em paralelo ao Pix, outros serviços financeiros seguem em desenvolvimento com a ajuda de ambientes como o sandbox regulatório, um ambiente supervisionado no qual empresas tradicionais e fintechs podem apresentar projetos e testar tecnologias financeiras sob supervisão dos órgãos reguladores. Há também a evolução do open banking para o Open Finance.
“O open banking foi, basicamente, a integração dos serviços financeiros em um mesmo ambiente digital, onde o compartilhamento e a migração de dados ganham segurança e praticidade. E o Open Finance é quando são compartilhados dados além dos tipicamente bancários, como seguro e previdência, por exemplo. É algo literalmente revolucionário porque afetará a vida de todos os consumidores de serviços financeiros, e a tendência é que as pessoas tenham cada vez mais produtos e serviços à sua disposição, desenvolvidos para atender diferentes necessidades e perfis de consumo”.
José Luiz conclui que o mercado financeiro brasileiro chegou a um patamar digital que só tende a evoluir e a incluir pessoas, mas para que isso aconteça é necessário atrelar tecnologia à educação financeira.
“Juntamente com a disponibilidade do Pix, das instituições de pagamentos, dos iniciadores de pagamentos e de outros serviços, é necessário proporcionar condições para que a população faça uso dessas ferramentas e dos serviços oferecidos por esses players. Por exemplo, que ela tenha acesso à internet e pacotes de telefonia mais baratos. Falamos em substituição do uso do dinheiro físico, mas o Brasil tem grande dimensão e diferenças sociais e culturais muito marcadas. O uso do dinheiro físico permanecerá por um longo tempo, mas tende a diminuir à medida que as pessoas tenham mais acesso a dispositivos e internet, e assim mudar hábitos culturalmente estabelecidos”.