Pancreatite aguda: o que é, causas, sintomas e tratamento
A pancreatite aguda é uma condição causada pela inflamação do pâncreas, uma glândula localizada no abdômen que tem como principal função a produção de enzimas que facilitam a digestão dos alimentos (proteínas, gorduras, açúcares e carboidratos).
Além disso, o pâncreas também produz hormônios como a insulina e o glucagon, responsáveis pelo equilíbrio metabólico do açúcar no sangue. Quando ocorre uma inflamação nesse órgão, as enzimas digestivas são inadequadamente ativadas dentro delas mesmas, causando danos locais ou em todo o organismo.
O que causa pancreatite aguda
“Diversas podem ser as causas da pancreatite aguda, porém, a principal delas é a presença de cálculos biliares produzidos na vesícula biliar. Essas pequenas pedras migram para o canal da bile e obstruem a saída do canal pancreático. Aproximadamente 80% dos casos de pancreatite aguda estão associados a estes cálculos”, explica a Dra. Raquel Canzi, gastroenterologista e professora adjunta do Departamento de Clínica Médica da disciplina de Clínica Médica Ambulatorial da Universidade Federal do Paraná.
Além deles, a doença pode ter ainda como causas:
– Consumo excessivo de álcool, o que pode levar a uma irritação das células pancreáticas. Em alguns casos, esse processo é na verdade o início de uma pancreatite crônica causada pelo consumo prolongado e excessivo de álcool;
– Medicamentos;
– Hipertrigliceridemia (aumento dos triglicerídeos no sangue), em especial se o nível sanguíneo estiver acima de 1.000 mg/dl;
– Inflamação autoimune, ou seja, quando os anticorpos passam a agredir as células pancreáticas, levando à inflamação;
– Infecções virais;
– Alterações genéticas;
– Alterações vasculares;
– Alterações anatômicas congênitas.
Principais sintomas da pancreatite aguda
– Dor abdominal;
– Vômitos e náuseas;
– Distensão abdominal;
– Febre;
– Desidratação;
– Insuficiência respiratória aguda (podendo ocorrer falta de ar);
– Insuficiência renal;
– Distúrbios de coagulação;
– Infecção generalizada (sepse).
Como é feito o diagnóstico da pancreatite aguda
Dra. Raquel explica que a pancreatite aguda é diagnosticada por meio do exame clínico, com a observação de sinais e sintomas apresentados pelo paciente, principalmente dor na barriga; por exame de sangue, que avalia os níveis de duas enzimas pancreáticas, a amilase e a lipase; e por exame de imagem, como a ecografia abdominal, que mostra aumento ou inflamação da glândula pancreática.
Tratamento da pancreatite aguda
O tratamento da pancreatite aguda inclui o uso de analgésicos, para controle da dor, e hidratação via endovenosa.
É indicado que os pacientes fiquem em jejum, para descanso da glândula pancreática, o que pode levar alguns dias, sendo necessária internação. Nos quadros leves, com a melhora rápida da dor e ausência de vômitos, a dieta é reintroduzida.
Na suspeita de complicações, uma equipe multidisciplinar irá acompanhar o caso, muitas vezes em unidade de terapia intensiva. Médico gastroenterologista, médico intensivista e radiologista, além de enfermeiros e nutricionistas, deverão fazer parte dessa equipe.
Durante o tratamento da pancreatite aguda, o médico investigará a causa que levou à inflamação para que esta seja tratada e o caso não ocorra novamente.
Dicas para cuidar da saúde do pâncreas
A saúde do pâncreas depende de alguns cuidados no dia a dia. São eles:
– Mantenha a glicemia no sangue controlada;
– Evite fumar e consumir bebidas alcoólicas;
– Alimente-se a cada duas ou três horas;
– Não fique em jejum;
– Mantenha o peso controlado;
– Pratique atividades físicas regularmente;
– Consuma mais alimentos ricos em fibras, peixes, legumes e nozes, e evite alimentos ricos em açúcar;
– Mantenha a pressão arterial controlada.
Na presença dos sintomas citados, a indicação é procurar um especialista e não usar remédios sem prescrição, pois isso pode agravar o quadro ou mascarar uma doença mais séria.