Avanços na medicina permitem planejar o sonho de ser mãe, poupando a fertilidade para focar na carreira profissional
Entre 60% a 70% dos pacientes que buscam técnicas de reprodução como inseminação artificial e fertilização in vitro estão acima dos 37 anos
Foi-se o tempo em que as mulheres eram pressionadas pelo relógio biológico para serem mães. Com foco em construir uma carreira profissional consolidada, elas têm optado por uma gravidez cada vez mais tardia. Prioridades pessoais como viagens e estabilidade financeira também interferem na decisão. Isso é o que aponta uma pesquisa realizada pela Clínica Ricardo Beck Reprodução Assistida, a qual identificou que entre 60% a 70% dos pacientes que buscam técnicas de reprodução como inseminação artificial e fertilização in vitro estão acima dos 37 anos.
“A maternidade tardia é uma realidade cada vez mais presente, e que tem aumentado conforme os avanços da medicina. Muitas mulheres procuram o congelamento de óvulos para preservar a fertilidade quando jovens, com o objetivo de engravidar no futuro com o auxílio da fertilização in vitro, algo que não era possível antes da década de 80 e que hoje apresenta tecnologias ainda mais inovadoras”, explica Ricardo Beck, especialista em reprodução humana.
As pesquisas sobre “congelamento de óvulos” no Google aumentaram 46,6% entre os anos de 2012 e 2022, o que para a embriologista Elisângela Bohme representa o interesse das mulheres por formas de preservar a fertilidade enquanto não podem ou não desejam ter filhos. “O congelamento de material genético permite que os casais realizem o sonho de terem filhos. Além das prioridades pessoais e profissionais, existem muitos parceiros que recorrem ao congelamento de óvulos ou espermatozóides por estarem prestes a passar por um tratamento de saúde como, a quimioterapia, por exemplo”, explica Elis. Nestes casos, segundo ela, é possível garantir a qualidade e quantidade do material genético antes que possa ser afetado pelo tratamento do câncer.
Segurança na escolha
A médica ginecologista Patrícia Pereira Cunha é um exemplo. Ela decidiu congelar os óvulos devido ao momento profissional que está vivendo. “O nosso corpo nem sempre está alinhado aos nossos sonhos. O sonho da maternidade é frequente entre nós mulheres e, conseguir alinhar esse momento pessoal ao momento profissional, é realmente um desafio. Então, o congelamento é uma saída para conseguirmos de certa forma organizar tudo”, afirma.
Patrícia revela que pretende engravidar nos próximos 5 anos e que, apesar de ainda ser jovem, se sente mais segura para tomar essa decisão. “Eu resolvi ter uma garantia a mais. Ou como costumo falar com as minhas pacientes: fazer uma “poupança” da nossa fertilidade. Sabemos que a fertilidade feminina é finita e muitas vezes não acompanha nossos desafios profissionais ou mesmo pessoais. Então, mesmo que não use eles em uma primeira gravidez, posso planejar com tranquilidade um segundo filho. Com os óvulos congelados, posso prevenir o envelhecimento deles e evitar várias complicações de uma gestação tardia”, explica Patrícia.
Cuidados com a gravidez tardia
Após os 35 anos de idade a fertilidade da mulher começa a diminuir, o que pode afetar as chances de uma gravidez natural. Após os 40, as mulheres também estão mais propensas a terem algum problema na gestação, como abortos espontâneos, hipertensão arterial, diabetes gestacional e trabalho de parto prematuro. Ricardo Beck afirma que, com os cuidados necessários, os riscos podem ser reduzidos. “É fundamental que a paciente siga as orientações médicas. O especialista em reprodução assistida acompanha a mulher tanto na hora do congelamento dos óvulos quanto nas tentativas de gravidez. Alguns hábitos como alimentação saudável e prática regular de atividade física também contribuem para a preservação da fertilidade”, finaliza.