Distúrbios de crescimento: como saber se as crianças estão se desenvolvendo adequadamente
A escalada no tamanho deve ser acompanhada desde a gravidez e qualquer alteração deve ser monitorada por um especialista.
Maringá, janeiro de 2023 Pais e responsáveis acompanham com cautela o crescimento das crianças. Muitos até registram em fotos e medições o desenvolvimento dos pequenos, e eles estão corretos. A escalada no tamanho deve ser acompanhada desde que eles estão no útero e um desenvolvimento considerado normal dentro dos padrões pré-estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) é sinal de que está tudo bem com a saúde deles. No entanto, algumas crianças não se desenvolvem como as autoridades em saúde esperam. Segundo pesquisa da Universidade de São Paulo (USP), 2,5% das crianças brasileiras podem apresentar distúrbios de crescimento. O número pode parecer baixo, mas é preciso ficar atento aos sinais de alerta, pois esses distúrbios podem causar consequências irreversíveis na saúde ao longo de toda a vida.
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A dr. Myrna Campagnoli, endocrinopediatra e diretora médica do São Camilo, marca de medicina diagnóstica da Dasa, maior rede de saúde integrada do Brasil, esclarece as principais dúvidas sobre esses distúrbios:
Quais são as causas dos distúrbios de crescimento?
Segundo a dr. Myrna, as principais causas são as deficiências hormonais, doenças ósseas, herança genética e alterações nutricionais – a última sendo a principal delas. Um estudo, divulgado pela Fiocruz em outubro de 2022 e com dados do Ministério da Saúde, mostrou que o Brasil teve a pior taxa de internação de bebês por desnutrição nos últimos 14 anos em 2021. “A falta de nutrientes no início da vida pode trazer consequências graves de desenvolvimento, inclusive com efeitos irreversíveis na idade adulta, como atrasos cognitivos no desenvolvimento físico e cerebral”, aponta a médica.
Sinais de alerta
A OMS possui padrões preestabelecidos de crescimento: o esperado é que uma criança cresça em torno de 20 a 25 centímetros no primeiro ano de vida, de 10 a 12 centímetros no segundo ano e, em média, cinco centímetros por ano até a puberdade. “Pais e responsáveis precisam ficar atentos quando as crianças crescem menos que isso, quando não trocam frequentemente de tamanhos de roupas e sapatos ou quando são menores que outras da mesma idade”, esclarece a especialista.
A dr. Myrna destaca que os distúrbios de crescimento são passíveis de diagnóstico desde o nascimento: crianças que são deficientes de hormônios, por exemplo, apresentam maior risco de hipoglicemia desde a primeira idade e podem apresentar características físicas como defeitos de linha média e deformidades ósseas ou desproporções corporais. “As crianças acondroplásicas, por exemplo, têm membros curtos e tronco regular. Essa análise é passível de ser feita desde a maternidade, proporcionando um diagnóstico logo após o nascimento”, diz.
Caso os pais e os responsáveis reparem nesses aspectos, é importante levar a criança para uma avaliação com um pediatra para que o especialista identifique se o crescimento está dentro do padrão familiar e da curva esperada para aquela idade e sexo. “Se houver alguma alteração significativa, o paciente deve ser direcionado a um endocrinologista pediatra, que deve fazer uma avaliação completa do crescimento e da saúde do paciente como um todo”, continua.
Essa avaliação clínica consiste na medição do peso e da altura, além de analisar as proporções corporais e características físicas. “Dessa forma, podemos ter uma hipótese diagnóstica dentro dos gráficos de referência de crescimento. Se algo anormal for identificado, partimos para os exames laboratoriais”, afirma dr. Myrna.
Principais exames para identificar distúrbios de crescimento
A médica do São Camilo enfatiza que, em primeiro lugar, é necessário fazer uma avaliação geral da saúde da criança. Para isso, costumam ser solicitados exames que avaliam níveis hormonais da tireoide, IGF 1 e exames gerais de glicose, sódio, potássio, cálcio fósforo, hemograma, avaliação das síndromes desabsortivas (como a doença celíaca, por exemplo) e avaliação das funções renais e hepáticas. “Nesses exames, avaliamos profundamente as dosagens hormonais, marcadores ósseos e níveis nutricionais para nos certificarmos de que a criança recebe tudo o que ela precisa para o crescimento na alimentação”, esclarece.
De acordo com a especialista, somente quando deficiências nesses exames forem descartadas é que podemos considerar uma falha de crescimento, ou alguma doença hormonal e genética, que são casos mais raros.