Mocidade fala sobre Mestre Vitalino e artistas do Alto do Moura na Marquês de Sapucaí
Nascido em 1909, Vitalino Pereira dos Santos – mais conhecido como Mestre Vitalino – nunca deixou seu Alto do Moura, bairro de Caruaru, em Pernambuco. Lá, fez história como um dos maiores artistas plásticos do Brasil até seu falecimento, em 1963. Com peças em acervos de importantes museus pelo mundo, como o Louvre, em Paris, Mestre Vitalino ganha vida na Marquês de Sapucaí para brilhar no Carnaval 2023 da Mocidade Independente de Padre Miguel, no Rio de Janeiro.
“Terra de meu Céu, Estrelas de meu Chão” é o título do samba-enredo escolhido pela Mocidade para apresentar na avenida a vida e a obra do pernambucano. De acordo com a assessora de Arte do Sistema Positivo de Ensino, Karoline Barreto, Vitalino influenciou gerações. “As soluções plásticas encontradas por ele para representar as cenas cotidianas do interior pernambucano, como os olhos esbugalhados de pessoas e animais, vestimentas cangaceiras e motivos simples, são procuradas até hoje por quem visita o Alto do Moura, na região de Caruaru, onde a casa de Mestre Vitalino foi transformada em museu, administrado por um dos filhos do artista”, detalha.
Antes dele, o ofício de utilizar a argila das margens do Rio Ipojuca para fabricar peças em cerâmica era uma atividade exclusivamente feminina. Isso mudou com a expansão das festas de São João e a cultura “vitalina”. Muitos são os discípulos que aprenderam com ele a arte de trabalhar a argila e fizeram disso, profissão. O mais conhecido deles é Manuel Eudócio, patrimônio vivo da região. Ele conta que seu Mestre Vitalino não se preocupava com a imitação de sua obra, querendo mesmo que cada dia mais artesãos tirassem seu sustento do barro. “Entretanto, como um excelente artista, Manuel Eudócio e muitos outros representantes do Alto do Moura encontraram seu estilo e cada um marca a argila à sua maneira, multiplicando o legado de Mestre Vitalino”, explica Karoline. Todos esses artistas serão celebrados pela Mocidade na avenida.
Convidado pelo artista plástico Augusto Rodrigues a expor suas peças na Exposição de Cerâmica Popular Pernambucana, em 1947, no Rio de Janeiro, Vitalino ganhou o mundo. Expôs no Museu de Arte de São Paulo (Masp) e na Suíça, e começou a ter o trabalho adquirido por grandes museus, o que o colocou definitivamente no mapa da arte brasileira. “Além da importância econômica da arte figurativa caruaruense, o Mestre autodidata abriu novas possibilidades para a diversidade cultural do Nordeste, com uma forma de arte popular que divide abrigo com obras clássicas em acervos importantes”, destaca Karoline.
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