Estudo da USP revela que 44% de lesões traumáticas em acidentes de trânsito são causadas por uso de entorpecentes
Fernando Diniz, da ONG TRÂNSITOAMIGO, comenta dados e vitória no Oscar de atriz ativista pela segurança no trânsito no mês em que completam 20 anos da morte de seu filho
Segundo dados de uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, o consumo de drogas está diretamente relacionado à ocorrência de mortes e ferimentos no trânsito. O estudo mostra que 44% dos pacientes com lesões traumáticas em decorrência de sinistros do tipo eram usuários de álcool, sendo que 31% de entorpecentes.
O estudo avaliou 376 pacientes com lesões traumáticas no trânsito, quedas e episódios de violência (a maioria tinha idade em torno de 36 anos e eram brancos). A pesquisa, que relatou a prevalência do consumo de substâncias psicoativas entre pessoas internadas por algum trauma no Hospital das Clínicas, reforça que a falta de políticas públicas baseadas em evidências científicas é um dos pontos-chave que dificultam o controle do uso de drogas. Além disso, o consumo de substâncias psicoativas é um fator de risco para ocorrências trágicas que podem ser evitadas, diminuindo o custo do Sistema Único de Saúde, o SUS, nessa área.
Fernando Pedrosa, sócio-fundador da ONG TRÂNSITOAMIGO, se posicionou, afirmando que o uso de álcool e drogas é uma das principais causas de mortes e feridos no trânsito brasileiro. “A fiscalização, por mais eficiente que possa ser — e ela efetivamente não é -, não consegue alcançar anualmente nem 1% dos 75 milhões de condutores habilitados em todo o Brasil. A solução está então em medidas preventivas, eficazes e de amplo alcance, como é o caso do exame toxicológico de larga janela, que identifica com precisão científica o usuário regular de drogas que alteram o sistema nervoso central do usuário, comprometendo sua cognição, reações e coordenação motora. Medidas essas que devem ser tomadas sempre antes que um motorista incapacitado venha a assumir o transporte da carga mais valiosa que existe: a vida humana”, finaliza Pedrosa.
Fundador da ONG comemora vitória de Oscar de Melhor Atriz de ativista pela segurança no trânsito
Fernando Diniz, fundador da ONG TRÂNSITOAMIGO junto de Fernando Pedrosa, comemora a estatueta de Michelle Yeoh, primeira mulher asiática a ganhar o Oscar de Melhor Atriz. O que poucos sabem, a atriz foi Embaixadora pela Segurança Rodoviária para a Década de Ação pela Segurança Rodoviária da ONU entre 2011-2020 e membro da Comissão pela mesma pauta. Ativa no tema, valendo mencionar que é casada com Jean Todt, presidente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) até 2021, defende que acidentes de trânsito devem ser reconhecidos como uma questão prioritária de saúde pública e desenvolvimento.
Em 2015, ela esteve no Brasil em evento da FIA, onde se encontrou com Fernando Diniz, sócio-fundador da ONG TransitoAmigo, no qual foi homenageada. “É com grande alegria que vejo alguém tão engajada na nossa causa receber tal reconhecimento internacional. A visibilidade certamente fortalece nossa pauta pela segurança no trânsito mundialmente. Há 20 anos, perdi meu filho, Fabrício Pinto da Costa Diniz, em março de 2003, uma das três vítimas fatais de um acidente na Barra da Tijuca, no RJ. Por isso, sinto que a minha missão vai além de defender um trânsito mais seguro, o que fiz ao colaborar com a criação da Lei Seca. Quero mostrar para a sociedade que depende de nós evitar que mais pais, como eu, passem pela dor de perder seus filhos. E a droga deve ser combatida de todas as formas e com ações eficientes”, destaca Diniz.
Sobre a ABTox
A Associação Brasileira de Toxicologia (ABTox) surgiu em prol do uso da tecnologia e conscientização para salvar vidas no trânsito e atua em conjunto com órgãos públicos e privados. A ABTox é formada pelos quatro principais laboratórios nacionais de Exame Toxicológico de Larga Janela Detecção credenciados pelo Denatran: CAEPTOX, DB Toxicológico, LABET, Toxicologia Pardini