Pandemia gerou ansiedade em 36% dos jovens, diz estudo
Um estudo on-line, feito pela FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade Federal de São Paulo) com seis mil crianças e adolescentes de cinco a 17 anos no Brasil, mostrou que 36% dos participantes apresentaram quadro de estresse emocional, como ansiedade, durante o período de pandemia de Covid-19.
Conforme apontado pelo estudo, o dado pode apresentar subnotificação devido à dificuldade de acesso à internet que atinge parte da população. Ainda de acordo com o estudo, as restrições impostas pelo surto do coronavírus Sars-CoV-2 impactaram de diferentes formas o convívio social e causaram consequências para saúde mental dos mais jovens, principalmente para aqueles que já possuíam condições pré-existentes.
O fechamento temporário das escolas e a suspensão de atividades presenciais, foram alguns dos fatores que agravaram quadros de enfermidades psicológicas desta faixa etária.
Para a médica pediatra Tatiana Cristina, além da ampliação no número de transtornos psicológicos, houve também um crescimento na quantidade de casos que não receberam acompanhamento profissional adequado.
“Em primeiro lugar, porque as escolas são o principal espaço de interação de crianças e adolescentes. Em segundo, porque uma parcela elevada dos atendimentos psicológicos para o público infanto-juvenil é feita nas instituições de ensino”, esclareceu.
Quanto aos casos de subnotificação, a Dra. Tatiana Cristina afirma que os sintomas apresentados “muitas das vezes passam despercebidos ou são confundidos com outros diversos diagnósticos, até mesmo por muitos profissionais de saúde”. Ela reforça que os responsáveis precisam estar sempre atentos às crianças e adolescentes.
Manifestação do estresse emocional por faixa etária
Outros dados revelados pelo estudo mostraram que os transtornos psicológicos ocorridos nos jovens durante a pandemia se manifestaram de diferentes formas, de acordo com cada faixa etária.
No caso das crianças, foi percebido maior irritabilidade, acompanhada de um comportamento mais impaciente e agressivo. Já os mais velhos, pré-adolescentes e adolescentes, demonstraram tristeza, solidão e tédio, sintomas geralmente já relacionados a transtornos depressivos.
A médica ressalta que a saúde mental de crianças e adolescentes é um problema grave de saúde pública por se tratar de uma epidemia silenciosa que vem afetando jovens no Brasil e no mundo. “É preciso tratar o assunto com seriedade. Já passou da hora de deixarmos de tratar a saúde mental como um tema em segundo plano, principalmente após este momento vivido mundialmente”.
Para a especialista, os sistemas de saúde precisam estar preparados para acolher esse público específico, que precisa de acompanhamento especializado e qualificado para recobrar seu bem-estar psíquico. “Crianças e adolescentes são um público bem definido, com suas demandas e necessidades específicas e completamente diferentes dos adultos. Trata-se de um compromisso com o futuro do país”, finalizou.
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