Descentralizar o poder é estratégia para crescer
No mundo dos negócios, a zona de conforto de hoje pode se tornar o desconforto de amanhã. O fato é que ao observar o padrão das organizações brasileiras, sobretudo as empresas familiares, um dos pontos fracos é justamente aquele que costuma travar o crescimento quando tudo parece ir bem: a ausência de governança corporativa.
Na avaliação de Clodoaldo Oliveira, diretor da JValério Gestão e Desenvolvimento, a dificuldade dos “donos” em lidar com regras, políticas e processos criados pela autoridade institucional é um dos motivos que levam companhias a fecharem suas portas. E, por se tratar de um nicho responsável por mais da metade do PIB e gerar cerca de 75% dos empregos no Brasil, segundo o IBGE, é de suma importância que haja o debate acerca das boas práticas organizacionais nas empresas familiares. “
Além disso, um estudo do Banco Mundial aponta que 30% das empresas familiares chegam à 3ª geração e apenas metade disso, ou seja, 15%, sobrevivem a ela. E um dos fatores que diminui a competitividade desses negócios é a centralização do poder. “Um dos maiores desafios das empresas familiares é levar adiante o legado dos fundadores, mas sem perder de vista as novas tendências do universo da gestão, como a ESG e a transformação digital, apenas para citar exemplos. Ignorar as novas regras do mercado em nome da tradição pode custar caro para esses negócios”, aponta Oliveira.
Para lançar mão de recursos capazes de tonar uma empresa longeva, sustentável e competividade, muitas vezes, é necessário romper com a centralização excessiva. “ O que queremos dizer que o apego emocional dos sócios não pode ser mais importante que a permanência do negócio no mercado. Além disso, insistir em métodos que eram assertivos no passado, mas não acompanharam as transformações sociais, pode levar uma empresa familiar à ruína”, destaca Clodoaldo.
Vantagens de investir em formas de gestão modernas
Alguns movimentos podem criar atalhos para a criação de um modelo de gestão conectado aos desafios da contemporaneidade. São eles:
● Criar confiança entre a marca e o mercado, que retribui agregando valor à organização;
● Reduzir custos tanto de transação quanto de capital;
● Tornar-se mais atraentes a recursos financeiros e não financeiros (como melhorias internas, por exemplo);
● Acelerar e facilitar a entrada em fundos de private equity ou acessar o mercado de capitais;
● Recrutar e reter talentos, evitando os “cabides de emprego” comuns às gestões familiares desestruturadas;
● Disponibilizar processos seletivos objetivos e meritocráticos no que tange ao ingresso, avaliação, remuneração, bonificação, promoção e sucessão de planos de carreira.
Regras e políticas devem valer para todos
Embora o ambiente corporativo seja, por si só, um local que denota certo grau de austeridade e competição, desde que utilizadas de maneira sadia são combustíveis que potencializam a jornada de CEOs e gestores. Isso porque os leva a um estado de formação contínua em prol de performances cada vez melhores.
Por falar nisso, se a atuação de familiares em cargos de alto escalão for opcional, dando lugar a especialistas com vivências e formações específicas, dizemos que a estrutura organizacional em questão está alinhada com as boas práticas de governança. Afinal, elas são unânimes em determinar que ao integrarem o quadro de colaboradores os membros da família devem submeter-se às mesmas regras e políticas aplicáveis aos demais, independentemente do vínculo familiar ou societário.
Amadurecer e crescer de forma coordenada é uma meta comum nos estágios iniciais de qualquer negócio, de startups à multinacionais. Todavia, muitas iniciativas acabam se perdendo pelo caminho graças a dificuldades que partem da ausência de governança e resultam em despreparo. O impulso do empreendedor para colocar a mão na massa e fazer acontecer, muitas vezes, não é acompanhado de um planejamento estratégico. Mesmo que o caixa vá bem, só isso não será o suficiente para manter o negócio no jogo.
Houve um tempo no qual “mexer em time que está ganhando” podia ser contraproducente, no entanto, a atitude é sinônimo de um modelo de gestão robusto. Neste sentindo, chegar à excelência não é o fim, mas sim um meio de quem insiste em ir mais longe. A sua empresa está preparada para ingressar em uma jornada de transformação rumo ao futuro? Venha aprender a definir estratégias de crescimento de curto, médio e longo prazo e mergulhe nas boas práticas de governança corporativa que levam à profissionalização das empresas familiares no programa Parceiros para a Excelência (PAEX).