Mercado do lixo eletrônico espera ganhar impulso com a COP30

Mercado do lixo eletrônico espera ganhar impulso com a COP30

Os alertas sobre a crise dos resíduos são claros, especialmente devido à significativa e contínua geração de rejeitos. O Brasil produz anualmente mais de 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico, segundo um estudo feito pela Radar Pesquisas. E os dados mostram que os impactos negativos desse volume são enormes.

Por um lado a pesquisa mostra que falta muita consciência do consumidor quanto ao uso e descarte desses materiais. Por outro lado, ressalta-se a necessidade da indústria da reciclagem crescer no país.

Marcelo Souza, especialista em economia circular, entende que é preciso encarar a reciclagem como um fator estratégico e de saúde pública. Ele destaca a importância de investimentos na indústria de reciclagem, conscientização e educação para promover uma economia circular e de baixo carbono.

“E preciso fomentar capital para a indústria da reciclagem e investir em conscientização e educação, para que o mercado possa estar rodeado de produtos que melhorem a vida do consumidor, mas que estejam inseridos em uma economia circular e de baixo carbono.”, diz Marcelo.

Souza ainda ressalta que há um século, ter um eletrodoméstico era considerado um símbolo de status social. Hoje, há uma proliferação de dispositivos eletrônicos, impulsionada pela era das revoluções tecnológicas. No entanto, essa produção em massa resultou em um aumento significativo no descarte de equipamentos eletrônicos, tornando a reciclagem uma prioridade urgente.

“Há aproximadamente 100 anos, possuir um eletrodoméstico em casa como, por exemplo, um refrigerador, era considerado um fator de status social. Hoje, vemos uma quantidade exagerada de equipamentos eletroeletrônicos” 

De acordo com o Global E-Waste Monitor 2020 da ONU, o mundo registrou um recorde de 53,6 milhões de toneladas de lixo eletrônico em 2019, com um aumento de 21% em cinco anos. Na América Latina, a geração de lixo eletrônico aumentou 49% em nove anos.

No Brasil, a situação não é diferente. O país produz mais de 2 milhões de toneladas de lixo eletrônico anualmente, e estima-se que cada pessoa gere cerca de 10,2 kg de resíduos eletrônicos per capita. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), estabelecida em 2010, visa promover o manejo adequado dos resíduos, mas ainda há desafios a serem superados, como as metas de reciclagem estabelecidas apenas em 2020.

Souza enfatiza que é importante aumentar o número de pontos de coleta e apoiar ações sociais e educacionais. Ele destaca a importância da colaboração entre entidades do terceiro setor e a indústria de reciclagem, citando projetos bem-sucedidos como o da Indústria Fox em parceria com a APAE-SP. 

“A solução proposta é uma interação das entidades do terceiro setor com a reciclagem, aplicando o conceito do ESG. Projetos assim, como o realizado pela Industria Fox, possuem transparência e governança, com impacto social ambiental relevantes”

Com iniciativas como essa, Souza acredita que é possível enfrentar os desafios dos próximos cinco anos. Ele destaca a importância de mostrar o impacto positivo dessas ações na COP 30 no Brasil e aproveitar a oportunidade para compartilhar experiências e aprendizados sobre reciclagem e impacto social.

“Temos que mostrar a força das nossas ações na COP 30 no Brasil e impulsionar o mercado. Precisamos aproveitar o evento com visibilidade internacional para mostrar o que temos de bom e provar até que temos muito a ensinar” finaliza Marcelo.

Marcelo Souza, que participou da COP 28 em Dubai, é reconhecido como um palestrante e escritor influente no campo da economia circular, com seu livro “Economia Circular – O Mundo Rumo à Quinta Revolução Industrial”.

DINO