Alexandre Garcia : LULA E BIDEN

Alexandre Garcia : LULA E BIDEN

Desde que foi convencido a dar entrevistas todos os dias para ocupar lugar na mídia, o Presidente Lula insiste em criticar a autonomia do Banco Central e, em especial, de seu presidente, Roberto Campos Neto, indicado por Bolsonaro. Nesses últimos dias chamou de cretinos os que registraram, mas à medida em que fala sobre contas públicas, juros e Banco Central, faz o dólar disparar. Contra a autonomia do Banco Central, Lula quer que o presidente seja indicado por ele. Aí o dólar vai a 5,70, encarecendo tudo. No entanto ressalva que tem que esperar com paciência o fim do mandato de Campos Neto, porque é lei do Congresso. Então por que fala, se vai esperar?  Só se desgasta e afeta a economia, com declarações no mínimo estranhas, como esta última, de que o MST não tira terra de ninguém; quem tira terra do agricultor são os bancos. Para quem teve apoio de banqueiros, a declaração só o faz perder apoio. Erros simples de avaliação, cometidos por quem sempre teve a fama de intuitivo, revelam um certo cansaço, neste ano e meio de terceiro mandato.
Lula chegou a imitar Bolsonaro, na crítica ao Supremo: “A Suprema Corte não tem que se meter em tudo”. Aliás, o falar excessivo atribuído a Bolsonaro parece estar sendo superado por Lula, reclamando de mães que têm filhos demais, anunciando que não vai financiar os arrozeiros gaúchos que saíram de secas para enchente recordista e acusando o Presidente do Banco Central de trabalhar para os banqueiros, mas sempre elogiando o MST que, por sua vez, critica Lula por frustrar as expectativas dos sem-terra. Na polêmica da droga, lavou as mãos como Pilatos. Eximiu-se de opinar, atribuindo a decisão à “ciência”, esquecendo que as famílias esperam a ação social e sanitária do estado para evitar, tratar, reprimir e pegar o traficante – e diminuir a desgraça.
Até hoje o país lembra do Presidente Itamar, que afastou o Ministro Hargreaves até que ele demonstrasse inocência de uma suspeita, pois um ministro precisa estar acima de qualquer suspeita. Lula não considerou o bom exemplo, e mantém o Ministro Juscelino Filho, mesmo indiciado por corrupção pela Polícia Federal. Pega mal encarar um indiciamento por corrupção como algo com que pode conviver? Quando perde no Congresso e derrubam seus vetos, culpa as lideranças, os ministros e agora os jornalistas e, provavelmente, seus marqueteiros. Como no Rio Grande cheio d’água o discurso ficou esvaziado pela falta de ações efetivas, um gigantesco encontro do agro gaúcho está marcado para esta quinta-feira, para tentar despertar o governo federal. 
Em política externa não é diferente. Está perto de Maduro, de Cuba, de Ortega, do Irã, do Hamas, e longe de Israel, com que temos contratos, e da Argentina, com quem temos vizinhança. No “golpe” da Bolívia, foi apressado e enganado pela fraude, que Evo Morales não engoliu. Nos Estados Unidos, está cada vez mais palpável a volta de Trump e o Brasil poderá ficar só com os amigos de Lula, já meio distanciado de Boric, do Chile, e sem afinidade com os presidentes do Paraguai e Uruguai. Milei vai estar no fim-de-semana em Balneário Camboriú, com Bolsonaro, e não vai estar com Lula na segunda-feira, na reunião do Mercosul em Assunção. Enfim, o Presidente do Brasil caminha mais e fala mais que Biden, mas os resultados se parecem.

Alexandre Garcia

Alexandre Garcia

Alexandre Eggers Garcia nasceu em Cachoeira do Sul, no dia 11 de novembro de 1940. Atua diariamente em seu canal no Youtube, com mais de 2,7 mi de inscritos; no twitter, mais de 4,3 mi de seguidores; no Instagram, mais de 2,1 mi de seguidores. Escreve semanalmente para dezenas de jornais, inclusive de oito capitais; fala diariamente em cerca de 300 emissoras de rádio; na Revista Oeste escreve coluna semanal, faz comentários diários, em áudio, além de comentarista em vídeo, ao vivo, às sextas-feiras no “Oeste Sem Filtro”; e realiza palestras sobre a atualidade brasileira. Foi primeiro lugar no vestibular e em todo curso de jornalismo na PUC/RS, onde foi presidente do Centro Acadêmico; foi professor de jornalismo na PUC/RS e no UNICEUB/DF. Foi repórter por 10 anos no Jornal do Brasil; subsecretário de imprensa por 18 meses com o Presidente Figueiredo; por sete anos na Bloch: foi articulista e diretor de redação da Revista Manchete e Revista Mulher de Hoje; Foi diretor e apresentador na TV Manchete; repórter, apresentador, diretor em Brasília na Rede Globo, por 32 anos; integrou ‘Liberdade de Opinião” na CNN Brasil por 15 meses; na Jovem Pan, integrou por 18 meses, o quadro de comentaristas em vídeo, ao vivo, no “Os Pingos Nos Is”, e também comentários diários em vídeo, de cinco minutos; e no Canal Rural, comentarista em vídeo, por 2 anos e 3 meses. Cobriu guerras no Líbano, Angola e Malvinas/Falklands. Atuou como enviado especial na Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia, Peru, Paraguai, México, Estados Unidos, Japão, China, Marrocos, Angola, África do Sul, Espanha, Itália, França, Alemanha, Israel e Líbano. Autor de “João Presidente” e “Nos Bastidores da Notícia”, que foi best-seller nos anos 90. Recebeu as medalhas do Mérito Legislativo do Estado de São Paulo e Brigadeiro Tobias, da PMSP. Condecorado pela Rainha Elisabeth II com a Ordem do Império Britânico. Detém a Ordem do Rio Branco, Ordem do Mérito Militar, Ordem do Mérito Aeronáutico, Ordem do Mérito Naval, Ordem do Mérito da Justiça Militar, Ordem do Mérito da Justiça do Trabalho, Medalhas do Pacificador, Tiradentes/PMDF, Santos Dumont, Tamandaré, Exército, Cordeiro de Farias, Mascarenhas de Moraes, Marechal Deodoro, Mérito Alvorada, Defesa Civil, Oswaldo Cruz, Mérito Tocantins. Doutor honoris-causa da UNICECAP; cidadão honorário de Brasília, onde reside há 47 anos.

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