Por que sou contra a criação de mais duas UPAs?

Por que sou contra a criação de mais duas UPAs?

Como ex-diretor da 15ª Regional de Saúde do Paraná, conheço bem os desafios enfrentados pelo sistema de saúde pública em Maringá. A proposta de criar duas novas UPAs nas zonas leste e oeste, feita pelo candidato Sílvio Barros, pode parecer uma solução simples para aliviar a sobrecarga das duas UPAs existentes, mas a realidade é muito mais complexa. Soluções simplistas para problemas estruturais raramente trazem bons resultados.

As duas UPAs de Porte III em Maringá estão sobrecarregadas, mas essa sobrecarga não se deve à falta de unidades. O verdadeiro problema é que casos de baixa complexidade, que deveriam ser atendidos nas UBSs, acabam sobrecarregando as UPAs. Isso é agravado pela falta de entendimento da população sobre o funcionamento do sistema de saúde. O fortalecimento da Atenção Primária, incluindo as Equipes de Saúde da Família, é essencial para evitar que casos simples continuem sobrecarregando as unidades de urgência.

Além disso, é importante destacar que Maringá também recebe pacientes das cidades vizinhas. A demanda de municípios menores continuará a pressionar o sistema de urgência e emergência local, o que torna a proposta de duas novas UPAs ainda mais inviável. Criar mais unidades não resolve a raiz do problema. O custo elevado de novas UPAs em infraestrutura e pessoal poderia ser melhor direcionado para reforçar as UBSs e as Equipes de Saúde da Família, que são fundamentais para resolver a maior parte das demandas de saúde da população.

Por que sou contra a criação de mais duas UPAs?

A criação de mais duas UPAs ataca apenas o sintoma do problema. Fortalecer as UBSs e as Equipes de Saúde da Família é a verdadeira solução. Essas unidades estão próximas das comunidades e podem absorver grande parte da demanda, evitando que os casos simples se acumulem nas UPAs. Colocar mais dinheiro em urgência, sem tratar a saúde na base, é ineficiente e insustentável.

Soluções simplistas para problemas complexos não funcionam.

A superlotação das UPAs não será resolvida com a simples adição de mais unidades. Isso apenas drenaria mais recursos que poderiam ser usados para aprimorar o atendimento primário. A falta de investimento nas UBSs e nas Equipes de Saúde da Família está sobrecarregando as UPAs, e sem um fortalecimento da Atenção Primária, o ciclo de sobrecarga e ineficiência continuará.

O caminho para resolver esse problema passa pelo fortalecimento das UBSs, das Equipes de Saúde da Família, e pela implementação de novos modelos de atendimento, como a telemedicina e o atendimento virtual. Isso permitiria que grande parte da população fosse atendida sem sobrecarregar o sistema de urgência, focando as UPAs nos casos realmente graves.

Ederlei Alkamim

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

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