Suicídio é um tema sério e deve ser falado sem tabu
Por: Heloisa C. Mehl Gonçalves
Coordenadora do Curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera
Setembro Amarelo é o mês dedicado à conscientização e à prevenção do suicídio. Criada no Brasil em 2015, a campanha tem como objetivo combater a estigmatização desse problema de saúde pública. Apesar dos esforços de instituições públicas e privadas, o Sistema Único de Saúde (SUS) registra anualmente cerca de 14 mil casos de suicídio no Brasil, o que significa que, em média, 38 pessoas tiram a própria vida por dia. Para enfrentar essa grave questão, é fundamental combater o preconceito, disseminar conhecimento e implementar políticas públicas que promovam o diálogo aberto sem tabu.
O suicídio, classificado por autoridades sanitárias como um problema de saúde pública, e preocupa especialistas de psicologia e medicina em todo o mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano. A OMS também ressalta a importância de reduzir o estigma e encorajar discussões abertas sobre o assunto, rompendo com a cultura do silêncio e promovendo a empatia e o apoio.
Além disso, a situação é ainda mais alarmante entre os jovens: o suicídio é atualmente a quarta principal causa de morte entre pessoas de 15 a 29 anos. Diversos fatores sociais, emocionais e até econômicos influenciam essa realidade, e as consequências são profundas, afetando tanto os indivíduos quanto as comunidades. Nesse sentido, os desafios que levam uma pessoa a tirar a própria vida são complexos e associam-se a fatores distintos como causas culturais, psicológicas, incluindo, até mesmo, a negação de direitos humanos básicos e acesso a recursos.
Para reduzir a taxa global de suicídios em um terço até 2030 — uma meta estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) — é essencial que instituições públicas e privadas ampliem e melhorem os serviços de saúde mental, garantindo sua acessibilidade e qualidade. Investimentos em programas de prevenção em escolas, ambientes de trabalho e comunidades são igualmente importantes, capacitando profissionais, como médicos e professores, para reconhecerem sinais de alerta.
Também é necessário que haja investimento em políticas públicas ligadas à legislação, como implementar leis mais rígidas sobre o controle e acesso a armas brancas, para reduzir o acesso a meios letais, investir em barreiras e dispositivos de prevenção em locais conhecidos por serem pontos de alto risco, como pontes e penhascos. Promover também um ambiente social para reduzir o isolamento e, principalmente, que instituições invistam em pesquisas para entender melhor as causas do suicídio e a eficácia das intervenções e, monitorar e avaliar continuamente programas e políticas para garantir que sejam eficazes.
O suicídio não deve ser um tema tabu em nossa sociedade. Precisamos falar sobre e acolher aqueles que tem pensamentos e sentimentos suicidas, pois não há nada mais solitário do que passar por esses momentos sem apoio. Se você estiver enfrentando sentimentos de falta de esperança, tristeza, ansiedade ou outros que esteja trazendo sofrimento, não tenha medo de procurar ajuda! Procure um profissional da Psicologia, que vai estar aberto ao que você precisa falar, ou procure serviços como o CVV (Centro de Valorização à Vida), nos canais disponibilizados em https://cvv.org.br/. Lembre-se: você não está sozinho!