Comunicação interna é a base da reputação corporativa
No universo corporativo, a comunicação interna se estabelece como um pilar fundamental não apenas para a manutenção do clima organizacional, mas como base de exposição e valorização da marca. Estudo publicado pelo Institute for Public Relations (Estados Unidos) demonstra como o engajamento está se tornando um dos conceitos mais populares em comunicação, valorizando o papel do trabalho de Assessoria de Imprensa nesse contexto, ao moldar a percepção interna e preparar o terreno para formar novos embaixadores da marca.
Na prática, se o número de funcionários que interagem com as redes sociais da empresa em que trabalham é visivelmente baixo, é preciso soar o sinal de alerta. Segundo o relatório State of the Global Workplace, da Gallup, a maioria dos funcionários não é engajada (62%). Ou seja, eles fazem o mínimo e não se inspiram em seu trabalho. Já o percentual de funcionários ativamente desengajados está em 15% e se refere àqueles nada satisfeitos com seu trabalho e que estão ativamente buscando um novo. Isso mostra o longo percurso que ainda há para se percorrer.
A mais recente metanálise da Gallup envolveu cerca de 183 mil unidades de negócios em 53 setores e 90 países, revelando que as empresas com maior engajamento de funcionários têm 23% mais lucratividade do que as demais com alto índice de desengajamento. Isso ocorre porque elas são mais bem sucedidas em reter os melhores talentos, atender clientes, atingir resultados de melhor qualidade e realizar vários outros projetos que levam ao lucro.
De acordo com a professora Rita Men, da Faculdade de Jornalismo e Comunicação da Universidade da Flórida, as empresas hoje possuem uma ampla gama de canais de comunicação para atingir seus stakeholders internos, variando de comunicação direta e publicações impressas, a mídia eletrônica e ferramentas de mídia social. “Esses canais variam em riqueza, formalidade, sociabilidade, custo e capacidade de transmitir mensagens” – diz Rita, ressaltando que os colaboradores devem ser vistos como embaixadores da empresa, uma vez que influenciam diretamente como os stakeholders externos veem a marca. Ou seja, uma comunicação interna robusta facilita a formação dessa percepção positiva, que também é alvo da Assessoria de Imprensa.
Na opinião da jornalista Heloísa Paiva, que há mais de 20 anos comanda a agência boutique Press Página, para que a comunicação interna seja eficaz, é fundamental que a Assessoria de Imprensa promova um ambiente de comunicação transparente, inclusivo e participativo. Isso envolve considerar a comunicação interna como um parceiro estratégico e integrado ao planejamento de comunicação corporativa. “A utilização de diversos canais de comunicação deve ser adaptada para atender às diferentes dinâmicas e necessidades dos colaboradores, garantindo que a mensagem da empresa seja clara e consistente em todos os níveis. Investir na comunicação interna é, portanto, investir no próprio valor da marca”.
A jornalista ainda ressalta o quanto a participação dos gestores é essencial, já que “líderes que se comunicam de maneira aberta e regular inspiram confiança e fidelidade, contribuindo para um ambiente mais engajado e produtivo. Eles devem estar cientes de que sua maneira de comunicar tem influência direta sobre o clima organizacional e, por extensão, sobre a imagem que a empresa transmite publicamente”.
Segundo Heloísa, a Assessoria de Imprensa deve garantir que a comunicação interna seja reconhecida como uma ferramenta estratégica vital. “Ao cultivar colaboradores que são verdadeiros seguidores e embaixadores da marca, a empresa fortalece sua confiança de dentro para fora, estabelecendo uma base sólida para o sucesso nos negócios”. A seguir, ela aponta três estratégias que costumam aumentar o engajamento do público interno:
- Formar um grupo de defensores da marca. “Há todo um trabalho anterior, a ser desenvolvido pelas equipes internas de marketing e pelos gestores dos departamentos, de identificar os colaboradores mais ativos nas redes sociais, medindo também sua satisfação em relação à empresa. Essas pessoas são peças-chave para fortalecer uma marca de dentro para fora, porque acompanham com entusiasmo as publicações que mencionam a empresa em que trabalham, além de estarem sempre prontas para defender a marca, gerar conscientização e impulsionar o engajamento”.
- Adotar a transparência como base da relação empresa/empregado. “Empresa que permite que os colaboradores se atualizem sobre as movimentações internas acompanhando o LinkedIn de um ou de outro por conta própria não demonstra interesse real por seu público interno. É preciso muito mais do que um house organ e uma intranet para melhorar a comunicação interna. Antes de tudo, é preciso deixar bem claro para a equipe quais são os objetivos da empresa, que métodos são adotados para atingi-los e o que se espera de cada colaborador em termos de resultado. Com esses três pontos bem esclarecidos, vale investir em gamificação, plataformas interativas, novos canais de comunicação (podcasts, vídeos, eventos), promoção de atividades em grupo etc. O importante é fazer a informação de qualidade circular”.
- Investir na escuta. “Tem gente que participa de tantas reuniões que não tem tempo para trabalhar. Essa crítica bem-humorada é comum nas conversas de corredor. Agendar reuniões e sessões de brainstorming pode ser uma iniciativa bastante interessante em termos de resultado, desde que se invista na escuta. É importante que os gestores encorajem outras pessoas a dar feedback e estejam prontos para ouvir ativamente o que elas dizem. Não é fácil resistir à vontade de interromper quando os outros estão falando, mas é necessário. Para ser eficaz, é importante que as pessoas ouçam tanto quanto falam e evitem gastar seu tempo de escuta pensando sobre o que querem dizer em seguida. Por fim, é importante ficar atento à comunicação não verbal, olhando diretamente para quem está com a palavra, muitas vezes exercitando a paciência e a generosidade”.