Zé Bonitinho e a liberdade de expressão
Este é um texto para reflexão, uma obra de ficção. Qualquer semelhança com pessoas, fatos ou acontecimentos da política local é mera coincidência… ou talvez obra do destino.
Zé Bonitinho sempre foi um jovem de sonhos ambiciosos, mas, convenhamos, nunca precisou suar a camisa para realizá-los. Com o apoio incondicional da família e frequentador assíduo dos camarotes mais exclusivos – afinal, luxo é algo que corre em suas veias –, certo dia, recebeu um convite irresistível: integrar um renomado meio de comunicação.
No veículo de comunicação, Zé Bonitinho assumiu o papel de paladino da liberdade de expressão, criticando veementemente qualquer ideia de regulamentação das redes sociais. “A opinião é um direito inviolável!”, proclamava com fervor, enquanto posava para selfies em eventos glamorosos. Suas palavras ecoavam como um hino à democracia, uma exaltação à autenticidade e à voz do povo.
Zé Bonitinho, em sua busca por votos, acreditava que quem era multado era uma vítima, e não alguém que desrespeitava a lei e colocava a vida de outras pessoas em risco.
Mas eis que o tempo passou, e Zé Bonitinho finalmente foi eleito para o tão sonhado cargo político. Foi aí que a metamorfose começou. As promessas feitas aos amigos próximos? Esquecidas como os guardanapos descartados das festas que frequentava. O poder mostrou seu pior lado, e nosso herói, antes defensor ferrenho da liberdade, passou a adotar uma postura… digamos, peculiar.
Agora, como detentor de mandato, Zé Bonitinho parece ter desenvolvido uma alergia a críticas. Quem ousa questioná-lo é recebido com ameaças de processos. O campeão da opinião alheia tornou-se o guardião do silêncio forçado.
Ah, Zé Bonitinho, quem te viu e quem te vê! Defensor da liberdade ontem, agora tenta calar os que ousam discordar. Sua visão, ao que parece, muda conforme a altura do cargo que ocupa. Antes, era o porta-voz da pluralidade; hoje, é o censor dos incômodos.
Fica a reflexão: será que o poder revela quem somos, ou simplesmente nos transforma em algo que nunca imaginamos ser?