Crescimento do conteúdo automatizado levanta dúvidas sobre a originalidade das marcas

Crescimento do conteúdo automatizado levanta dúvidas sobre a originalidade das marcas

Crescimento do conteúdo automatizado levanta dúvidas sobre a originalidade das marcas

Com a previsão de que 90% do conteúdo online seja gerado por Inteligência Artificial até 2026, especialista Leonardo Oda alerta para impactos na autenticidade das empresas e na confiança do público

A criação de conteúdo nunca foi tão acessível, mas isso pode se tornar um problema. Até 2026, cerca de 90% do material disponível na internet será gerado por inteligência artificial (IA), segundo a Agência de Aplicação da Lei da União Europeia. Ferramentas de IA já produzem textos, vídeos e imagens em grande volume, alterando o cenário do marketing digital. Porém, esse crescimento levanta um alerta: se tudo for criado por máquinas, como as marcas irão se diferenciar?

Para Leonardo Oda, especialista em inteligência de marketing, o problema não está na IA em si, mas no uso indiscriminado e sem estratégia da tecnologia. “A automação permite uma escala enorme, mas se tudo for genérico, o público começa a ignorar. Se todo mundo usa IA do mesmo jeito, ninguém se destaca”, avalia Oda, que é CEO da LEODA Inteligência de Marketing, empresa com sede em Curitiba (PR) e especializada em estratégias digitais baseadas em dados e inovação.

Causas do problema: o excesso de conteúdo sem personalidade

O aumento do uso de inteligência artificial no marketing tem impulsionado a produção de conteúdo em larga escala. Uma pesquisa da agência Conversion em parceria com o Zoho Marketing Plus revela que a criação de conteúdo é o principal motivo (60%) pelo qual as empresas brasileiras recorrem à IA em ferramentas de martech – que visam impulsionar estratégias ou campanhas de marketing. No entanto, o estudo “VisualGPS” da iStock aponta que 82% dos consumidores não confiam totalmente no que veem nas redes sociais, indicando que a falta de identidade nos conteúdos pode comprometer a credibilidade das marcas.

A busca por eficiência e volume levou muitas marcas a adotarem modelos padronizados de produção, o que resultou em conteúdos repetitivos e pouco originais. Só que esse excesso de automação dificulta a criação de conexões genuínas com o público, e a forma como as novas gerações consomem informação já reflete essa necessidade de autenticidade. Para se ter uma ideia, 40% da Geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010) busca no TikTok antes do Google, indicando uma preferência por vídeos curtos e recomendações feitas por outros usuários, em vez de materiais automatizados.

“Já vimos isso acontecer antes”, destaca Oda. Ele lembra da época em que restaurantes usavam fotos de banco de imagens no Instagram para divulgar pratos genéricos. “No início, funcionava. Mas quando todo mundo passou a fazer o mesmo, o impacto se perdeu.” O mesmo ocorre agora com a IA: quanto mais conteúdo automatizado sem refinamento humano, mais ele perde relevância e engajamento.

Consequências: marcas invisíveis e perda de credibilidade

Para Oda, a consequência mais grave do uso indiscriminado da IA no marketing é a padronização excessiva do conteúdo. “Se sua marca produz o mesmo tipo de material que todas as outras, ela desaparece no meio do ruído digital”, explica.

Além disso, a perda de autenticidade prejudica a credibilidade das empresas. Quase 90% dos consumidores querem saber se uma imagem foi criada por IA, de acordo com a pesquisa da iStock, reforçando a crescente desconfiança sobre a origem do que é publicado online.

Empresas que dependem excessivamente da IA para criar conteúdo podem enfrentar um problema ainda maior: a desconexão com seu próprio público. Se tudo for produzido de forma semelhante e sem um diferencial claro, os consumidores perderão o vínculo com a marca e migrarão para quem oferece uma experiência mais autêntica.

Como evitar a armadilha do conteúdo genérico

Oda defende que a IA pode ser uma ferramenta útil, mas precisa ser usada com estratégia. Para ele, o futuro da comunicação passará por um modelo híbrido, em que a automação otimiza a produção, mas o toque humano garante a diferenciação.

“A IA pode estruturar roteiros, criar versões preliminares de textos e sugerir temas. Mas a personalização e a autenticidade precisam ser inseridas depois”, explica. Empresas que conseguirem equilibrar tecnologia e humanização terão vantagem competitiva.

Ele destaca três caminhos para evitar a armadilha do conteúdo genérico:

1. Definir um objetivo claro para cada peça de conteúdo – Criar por criar não funciona. O conteúdo precisa fazer parte de uma estratégia maior, com uma proposta bem definida.

2. Inserir o DNA da marca na comunicação – Seja por meio da linguagem, do posicionamento ou de elementos visuais, é fundamental dar personalidade ao que é publicado.

3. Investir na curadoria e no relacionamento com o público – Conteúdo sem interação perde valor. Para Oda, engajamento só acontece quando há uma troca real entre marca e consumidor.

“O propósito é o que diferencia um conteúdo eficiente de um conteúdo descartável. A IA pode ajudar na execução, mas a estratégia sempre será humana”, conclui Oda.

Conclusão: o que esperar do futuro do marketing?

A ascensão da inteligência artificial na produção de conteúdo é um caminho sem volta, mas a forma como as empresas utilizam essa tecnologia determinará quem continuará relevante no mercado. O marketing do futuro não será dominado por máquinas, mas por profissionais que souberem integrar IA e criatividade humana.

“Se tudo for artificial, o real se torna o diferencial”, reflete Oda.

Empresas que compreenderem essa dinâmica e apostarem na autenticidade, curadoria e inteligência estratégica estarão mais preparadas para o cenário digital em transformação.

Sobre Leonardo Oda

Leonardo Oda é fundador e CEO da LEODA Inteligência de Marketing, especializada em estratégias de marketing baseadas em dados e inovação. Desde 2016, a LEODA oferece soluções estratégicas que ajudam empresas a alcançar resultados mensuráveis e eficazes, alinhando criatividade e eficiência. Para saber mais, acesse https://leoda.com.br/ ou siga no Instagram e LinkedIn: @leodamkt.

Mirella Pasqual

Mirella Pasqual

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