O dia que a direita brasileira quer que você esqueça: O confisco da poupança pelo governo Collor

No dia 16 de março de 1990, há 35 anos, o então presidente Fernando Collor de Mello anunciou uma das medidas econômicas mais drásticas e impopulares da história do Brasil: o confisco da poupança. Essa ação, parte do chamado Plano Collor, bloqueou bilhões de cruzados novos depositados pelos brasileiros em suas contas bancárias, deixando milhares de pessoas sem acesso ao seu próprio dinheiro.
Collor, eleito com o apoio da direita conservadora brasileira e o discurso de vencer o comunismo e colocar os marajás e os corruptos na cadeia, justificou o confisco como uma medida para conter a hiperinflação. No entanto, o impacto foi devastador. Muitas famílias perderam suas economias de uma vida inteira, empresas faliram e a confiança na economia brasileira foi severamente abalada. A promessa de que os valores seriam devolvidos em até 18 meses nunca foi cumprida integralmente como esperado, e o episódio se tornou um dos maiores traumas econômicos do país.
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Um empresário de Blumenau (SC), prestes a expandir seus negócios, ficou só com uma loja. Endividado, passou a tomar empréstimos e a hipotecar bens. Não aguentou. Em 1999, aos 60 anos, morreu de infarto. Não foi um caso isolado. Pelo Brasil afora, milhares de empresários não tiveram como honrar seus compromissos. Foram obrigados a suspender pagamentos e a demitir funcionários. A maioria foi à falência.
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No dia 19 de março, apenas três dias depois do anúncio do pacote econômico, um dentista de Campos (RJ) tirou a própria vida, com um tiro no ouvido. Sua família relatou à polícia que ele caiu em depressão ao saber que suas economias, depositadas na caderneta de poupança, tinham sido bloqueadas. Com o dinheiro, ele planejava comprar um apartamento em Niterói (RJ) para os filhos.
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Cerca de 80% do dinheiro aplicado, não só em cadernetas de poupança e em contas correntes, mas, também, em aplicações financeiras, como o famoso “overnight”, ficou retido no Banco Central por 18 meses. Estima-se que o governo tenha confiscado o equivalente a cerca de US$ 100 bilhões, o equivalente a 30% do Produto Interno Bruto (PIB).
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Apesar desse fato histórico, políticos os apoiadores da direita brasileira tentam esconder essa verdade, especialmente dos eleitores mais jovens. Curiosamente, muitos dos mesmos grupos políticos que defenderam o confisco em 1990 são os que hoje espalham desinformação sobre a esquerda, alegando falsamente que governos progressistas confiscariam bens e propriedades do povo. A ironia é que, na realidade, foi um governo de direita que realizou a maior intervenção estatal sobre a propriedade privada da história do Brasil republicano.
A tentativa da direita de reescrever a história evidencia sua hipocrisia: enquanto acusam a esquerda de supostas ameaças à propriedade privada, ignoram o confisco real, feito por um governo que representava seus próprios interesses. A memória desse episódio precisa ser resgatada para que os brasileiros compreendam quem realmente atacou seu direito ao patrimônio e para que erros do passado não se repitam.
Em tempos de desinformação e revisionismo histórico, lembrar o confisco da poupança no governo Collor é essencial para manter viva a verdade sobre a política econômica da direita no Brasil.