Ambição de Majô esbarra na falta de experiência para liderar a Câmara de Maringá

Com a necessidade de uma nova eleição para a presidência da Câmara de Maringá devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que afastou Mário Hossokawa do cargo, surge um debate relevante sobre representatividade e liderança no Legislativo municipal.
O afastamento de Hossokawa não se deu por qualquer irregularidade administrativa ou financeira, mas devido à interpretação jurídica de que sua reeleição reiterada não estaria em conformidade com as limitações impostas pelo STF para cargos das mesas diretoras. A decisão, entretanto, levanta questionamentos sobre a validade da vontade popular e do próprio plenário da Câmara, considerando que Hossokawa sempre contou com o apoio da maioria dos vereadores e, em última instância, dos eleitores que o legitimaram nas urnas.
Enquanto o foco se volta para a escolha de um novo presidente, há preocupações sobre possíveis consequências da falta de experiência legislativa de alguns dos possíveis candidatos. Um exemplo notável é o de Majô, vereadora cujo interesse em aprender o funcionamento da Câmara é reconhecido, mas que enfrenta desafios evidentes de adaptação ao processo legislativo.
Durante uma recente prestação de contas ao secretário de Fazenda do município, Majô fez uma observação que parecia fundamentada, mas que, na realidade, revelou falta de informação adequada. O caso chegou a repercutir nas palavras do economista e deputado federal Hauly, do Podemos, destacando a importância do preparo técnico para lidar com questões complexas do orçamento público.
Calma Majô, se preocupa menos e se informa mais: Hauly explica reforma tributária
Paralelamente, a vereadora Cris Lauer está sob investigação por suposto enriquecimento ilícito. Há registros de um áudio com seu ex-advogado, onde ela deixa claro que o contratou com dinheiro público não para desempenhar a função pública, mas apenas para atender aos seus interesses particulares, o que supostamente não é lícito. Apesar das acusações, o processo segue sem decisão definitiva, e há relatos de que Lauer teria se esquivado das intimações judiciais, dificultando o avanço do caso.
A situação expõe um contraste intrigante: enquanto a justiça parece célere em intervir em casos de interpretações de reeleição, é criticada pela lentidão diante de denúncias de corrupção e má conduta. O novo presidente da Câmara, portanto, terá o desafio de equilibrar a experiência legislativa com a renovação política, buscando garantir transparência e eficiência nos trabalhos da Casa.
O ideal seria a eleição de alguém que já tenha passado pela mesa diretora em outros mandatos ou que tenha pelo menos quatro anos de experiência como vereador, como é o caso de Flávio Mantovani, Geremias, Maninho, Mario Verri, Odair Fogueteiro, Sidnei Telles ou Ana Lúcia. Além disso, podemos mencionar como experientes para assumir a presidência da Câmara o delegado Luiz Alves e o vereador Biazon, que, apesar de atualmente licenciados para exercerem funções como secretários do município de Maringá, conhecem bem o funcionamento da Casa e poderiam reassumir seus mandatos para concorrer ao cargo. Em um momento em que há vereadores sem experiência e mais focados em aparições nas redes sociais do que no exercício legislativo, espera-se que o próximo presidente demonstre conhecimento verdadeiro e capacidade de liderança.
A análise não visa desmerecer a disposição de Majô, cujo interesse é legítimo e positivo, mas ressalta que um período maior de experiência seria necessário para lidar com a complexidade da presidência de uma Câmara Municipal de tamanha relevância. A liderança do Legislativo da terceira maior cidade do Paraná exige preparo, equilíbrio e conhecimento sólido das atribuições legislativas.