Anistia? Quero mais é que o Lula morra e vá para os quintos do inferno”, afirma Gilvan da Federal

O deputado federal Gilvan da Federal (PL-ES), aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, provocou indignação e reacendeu debates sobre o clima de polarização política no Brasil ao declarar, por três vezes, durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara nesta terça-feira (8), que deseja a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A fala, proferida em tom exaltado, ocorreu no contexto de uma discussão sobre a segurança pública e a atuação de agentes armados, quando o parlamentar afirmou: “Quero mais é que ele morra mesmo e que [os seguranças dele] andem desarmados.”
As declarações de Gilvan, que se identifica como cristão e seguidor de Jesus, foram registradas em vídeo e rapidamente viralizaram nas redes sociais, gerando uma onda de reações que vão desde apoio de setores radicais bolsonaristas até repúdio generalizado de parlamentares, movimentos sociais e cidadãos. A sessão, que tratava de temas técnicos relacionados à segurança, foi interrompida por instantes devido ao tumulto provocado pelo discurso do deputado.
Contexto Político e Repercussão
A fala de Gilvan da Federal ocorre em um momento delicado para a política brasileira, marcada por tentativas de apaziguamento após os episódios golpistas de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores de Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Curiosamente, o deputado é um defensor ferrenho da anistia aos envolvidos nesses atos, uma pauta que vem perdendo força no Congresso Nacional. Analistas políticos, como o colunista Leonardo Sakamoto, apontam que a declaração pode ter o efeito contrário ao desejado pelo bolsonarismo, jogando “água fria” nas articulações pela anistia. “O surto do deputado capixaba só reforça que perdoar algo como o plano ‘Punhal Verde e Amarelo’ – que antecede o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes – é pedir para ele ser posto em prática novamente no futuro”, escreveu Sakamoto em sua coluna no UOL.

A Advocacia-Geral da União (AGU) já pode informar que as declarações de Gilvan configuram crimes como incitação ao crime e ameaça, previstos no Código Penal Brasileiro. Parlamentares da base governamental, como o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), protocolaram um pedido de investigação no Conselho de Ética da Câmara e acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para avaliar a conduta do bolsonarista. “Isso não é liberdade de expressão, é um atentado à democracia e à vida do presidente da República”, afirmou Lindbergh.
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Polarização e Violência Política
O episódio reacende o alerta sobre o uso crescente da retórica violenta na política brasileira. Nos últimos anos, casos emblemáticos como o assassinato da vereadora Marielle Franco, em 2018, a tentativa de atentado contra Bolsonaro no mesmo ano e os homicídios motivados por disputas eleitorais – como o de Marcelo Arruda, petista morto por um bolsonarista em 2022 – evidenciam os riscos da ultrapolarização. Nas postagens no X, usuários expressaram preocupação com a segurança de Lula, com mensagens como “PROTEJAM O LULA” e pedidos de oração pela vida do presidente.
Por outro lado, uma parcela de apoiadores de Gilvan saiu em sua defesa, alegando que a fala seria uma “expressão de indignação” contra o governo. O deputado, até o momento, não se retratou, mas publicou em suas redes sociais uma mensagem reforçando sua posição: “Não me calo diante de quem destruiu o Brasil. A verdade incomoda.”
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Impacto no Congresso
Líderes de diferentes partidos ouvidos por jornalistas em Brasília lamentaram o ocorrido, destacando que a declaração pode dificultar ainda mais o diálogo político no Congresso. Dois deputados de legendas não homologados ao governo afirmaram, em off, que o episódio reforça a percepção de que a anistia aos golpistas é uma pauta “tóxica” no cenário atual. “O Parlamento tem coisas mais importantes a tratar”, disse um deles, ecoando o sentimento de que o foco deveria estar em questões econômicas e sociais.
Enquanto o caso segue sob análise jurídica e política, a sociedade brasileira vê mais uma vez diante do desafio de lidar com as feridas abertas por um discurso de ódio que, longe de arrefecer, parece encontrar terreno fértil em tempos de crise. A proteção ao presidente Lula e o futuro das instituições democráticas permanecem no centro do debate nacional.