Estatuto ignorado: NOVO não reage à condenação de Cris Lauer

O Partido NOVO, que se apresenta como uma alternativa ética e moderna na política brasileira, mais uma vez silencia diante de uma grave contradição interna. A vereadora de Maringá, Cris Lauer (NOVO), atualmente pré-candidata a deputada estadual e que supostamente a prefeitura em 2028, foi condenada por improbidade administrativa. Um fato grave, que deveria acionar de imediato os mecanismos internos de integridade do partido — caso estes fossem realmente levados a sério.
O Estatuto do NOVO é claro. Em seu Artigo 4º, exige de seus filiados a abstenção de comportamentos que atentem contra os direitos constitucionais, a legislação eleitoral e, especialmente, a Lei de Improbidade Administrativa. No entanto, até o momento, nenhuma posição oficial foi tomada pela sigla. Nenhuma suspensão. Nenhuma nota de repúdio. Nenhuma sinalização de expulsão.
Essa omissão se soma a outro episódio já conhecido do público: o caso do médico Felipe Sá Ferreira, que foi candidato a deputado federal pelo partido e posteriormente preso por assédio sexual. Sua filiação não foi imediatamente rompida, tampouco houve manifestação contundente por parte da legenda. Dois episódios que expõem o duplo discurso do NOVO — rígido no marketing, omisso na prática.
Discurso liberal, prática conveniente
O NOVO sempre buscou se diferenciar dos partidos tradicionais ao defender um rigor ético acima da média. Mas a falta de ação no caso de Cris Lauer levanta questões sobre a real disposição do partido em aplicar seu próprio estatuto quando os alvos são nomes com capital político ou visibilidade local. A legenda, que se vangloria de processos seletivos criteriosos para filiados e candidatos, parece agora fechar os olhos para condenações judiciais que afrontam diretamente seus princípios.
O que vale mais: coerência ou conveniência política?
Ao ignorar o que está explícito em seu estatuto, o NOVO transmite um recado perigoso: a ética só vale quando não atrapalha os planos eleitorais. A permanência de Cris Lauer no partido, mesmo após condenação, mancha a imagem da legenda e compromete sua credibilidade diante dos eleitores que ainda acreditam na renovação política.
Médico acusado de abusar de pacientes foi candidato a deputado pelo Partido Novo
Se a direção nacional do NOVO não se pronunciar com clareza e tomar providências conforme seu próprio regulamento, ficará evidente que o partido está disposto a passar pano para seus filiados, exatamente como tantas outras siglas que eles dizem combater.
A pergunta que fica é: o NOVO vai mesmo continuar agindo como os velhos partidos que tanto critica?