Enquanto há vereador que cria problemas, o bebê reborn traz conforto

Outro dia, no meio de uma conversa fiada daquelas que só começam porque a vida anda entediante e a política, revoltante, alguém soltou:
“Qual a diferença entre um bebê reborn e um vereador?”
Silêncio. Expectativa.
“A diferença é que o bebê reborn não faz caquinha.”
Rimos. E como rimos. Não porque a piada seja genial, mas porque ela diz uma verdade incômoda com a leveza de uma boneca de vinil. O bebê reborn, para quem não conhece, é aquela boneca tão realista que engana até a avó mais experiente. Tem peso, expressão serena, cílios costurados com precisão — só não tem vida. E, ainda assim, já supera muito político por aí.
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Veja bem: o bebê reborn não faz barulho, não ocupa gabinete, não diz “meus amigos e minhas amigas” para depois votar contra os interesses do povo. Ele simplesmente existe. Já o vereador… ah, o vereador é um artista. Surge em campanha com aquele dom mágico de apertar mil mãos em um dia e prometer tudo para todo mundo — da lombada na rua da Dona Maria ao Wi-Fi gratuito no cemitério.
Mas passa a eleição, e ele some com mais talento que ilusionista de Las Vegas. Reaparece de vez em quando para votar alguma coisa polêmica — geralmente sem entender muito bem o que está votando — ou para posar com uma pá na mão na inauguração da única pracinha reformada em quatro anos. Enquanto isso, o povo segue pulando buraco na rua e esperando atendimento no posto.
E quando aparece no noticiário? Raramente é por algo positivo. O termo “caquinha” talvez seja até gentil demais. Tem vereador que parece viver exclusivamente de fazer “arte”, e não é daquelas que vão para museu. A cada escândalo, um pedido de desculpas, uma assessoria de imprensa nervosa e uma nota oficial que diz tudo e nada ao mesmo tempo.
Diante disso, o bebê reborn vira símbolo de um ideal: não atrapalha, não mente, não legisla contra você. Ele só existe. E às vezes, é tudo o que a gente quer de quem ocupa cargo público: que, se não for para ajudar, pelo menos não atrapalhe.
No fim das contas, a comparação pode soar ridícula, mas revela algo triste: estamos num ponto em que uma boneca de plástico nos parece mais confiável que alguém eleito para nos representar.
E, convenhamos, o bebê reborn ainda tem uma vantagem: a gente sabe que ele é de mentira desde o começo.
Vamos ser justos: há vereadores que realizam bons projetos. Mas há outros que vivem de ‘embromation’, só para fingir que estão fazendo alguma coisa.