Como o crescimento na venda de caminhões contrasta com queda em novos implemento

Como o crescimento na venda de caminhões contrasta com queda em novos implemento

Segundo dados do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da FGV (2023), o cenário econômico brasileiro apresenta sinais de recuperação, mas com desafios expressivos ao setor de transportes. Um dos principais entraves é a alta da taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano (Banco Central, maio de 2025), o que encarece o crédito e dificulta o planejamento de médio e longo prazo das empresas. Ainda assim, o país registra leve crescimento, impulsionado principalmente pelo setor de serviços e, sobretudo, pelo agronegócio, que alcançou uma safra recorde de 318 milhões de toneladas em 2024, segundo a Conab.

Estudo da Associação Brasileira de Logística (Abralog, 2024) aponta que a demanda por serviços logísticos segue em expansão, impulsionada pelo avanço do comércio eletrônico. No entanto, o setor enfrenta margens de lucro cada vez mais estreitas. Segundo análise da NTC&Logística, os custos operacionais subiram 12% em 2024, enquanto os fretes cresceram apenas 6% no mesmo período, pressionando a rentabilidade das transportadoras.

Diante desse cenário, muitas empresas têm adotado estratégias alternativas. De acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), houve aumento de 18% na venda de caminhões novos no primeiro trimestre de 2025, enquanto o mercado de implementos usados cresceu 27%, conforme levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir). A ausência de uma tabela oficial de referência para implementos usados, como a Tabela Fipe, e a baixa regulação de preços contribuíram para a valorização desses ativos no mercado secundário.

Segundo o CEO da Implementados, empresa que representa comercialmente as principais marcas de implementos rodoviários novos, o ano tem sido especialmente desafiador. “2025 tem se mostrado um ano complexo. A alta da Selic inviabilizou o financiamento de caminhões e implementos novos. Além disso, tensões comerciais, especialmente as taxações impostas pelos Estados Unidos sobre o aço, encareceram ainda mais a produção de baús e carrocerias. Isso beneficiou empresas menores com estoques de usados ou que atuam com reforma de implementos”, explica.

O executivo destaca que, em alguns casos, o aumento dos preços foi tão expressivo que a compra de implementos novos se tornou mais vantajosa do que a de usados, mesmo com juros elevados. “Percebendo essa movimentação do mercado, lançamos a plataforma Radar dos Usados, que centraliza ofertas de caminhões e implementos seminovos. Com nossa experiência em vendas e tecnologia, queremos ajudar o consumidor a encontrar as melhores oportunidades e negociar com segurança e economia”, afirma.

O novo aumento da Selic, agora em 14,75%, preocupa o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir), José Carlos Sprícigo. “Juros altos afastam investimentos. Sem crédito acessível, as empresas não renovam nem ampliam suas frotas. Fica difícil prever quando o setor de reboques e semirreboques retomará o crescimento, pois ninguém quer se endividar neste cenário”, comenta.

 

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