Cris Lauer: Quando a eleição não pode ser escudo para a ilegalidade

Cris Lauer: Quando a eleição não pode ser escudo para a ilegalidade

A crise envolvendo a vereadora Cris Lauer não é apenas mais um episódio de turbulência política em Maringá — é um teste de maturidade institucional para a Câmara de Vereadores e para a sociedade. Quando surgem evidências concretas de improbidade administrativa, como no caso de Cris Lauer, não há mandato popular que sirva como escudo protetor contra a responsabilização legal.

O áudio que circula, e que contradiz a fala da vereadora na tribuna, revela algo gravíssimo: o uso de um cargo público para fins pessoais. A contratação de um advogado que deveria atuar em favor da instituição, mas que foi utilizado em defesa pessoal de Cris Lauer, é uma clara distorção da função pública. Ela própria, no áudio, admite que o trabalho realizado não foi o que deveria ter sido prestado para o cargo, mas sim voltado à sua defesa particular.

Em meio à pressão, muitos tentam relativizar os fatos com o argumento de que ela foi eleita pelo povo. Mas essa linha de defesa é não apenas frágil — é perigosa. Se a eleição popular absolvesse qualquer prática ilegal, abriríamos um precedente terrível: criminosos poderiam ser eleitos e se blindar com os votos que receberam. É bom lembrar que Dilma Rousseff, eleita com mais de 54 milhões de votos, foi cassada. Deltan Dallagnol, o deputado federal mais votado do Paraná, perdeu o mandato por não cumprir requisitos legais. A democracia é feita de votos, mas sustentada pelas leis.

Diante de tudo isso, cabe perguntar: onde está a atuação firme da Câmara Municipal? Por que a inércia? Felizmente, a sociedade conta com cidadãos como o advogado Kim Rafael, que decidiu agir onde muitos se acovardaram. Fez o que vários vereadores poderiam — e deveriam — ter feito. Alguns se omitem por conveniência política, outros por pressões pessoais ou medo de desagradar certos eleitores. Mas quem tem medo de fazer o certo não merece estar na vida pública.

Não se trata de perseguição política. Trata-se de responsabilização ética e legal. Quando há confissão e provas claras, a Câmara não pode virar as costas para a sua missão. Se os vereadores falharem agora, estarão mandando uma mensagem clara: que a proteção de colegas é mais importante do que a defesa da moralidade pública.

O povo de Maringá merece mais. Merece representantes que não apenas falem de ética, mas a pratiquem. Que não apenas cobrem dos outros, mas também ajam quando a corrupção bate à porta da própria casa. O momento exige coragem, seriedade e compromisso com o interesse público.

Gilmar Ferreira

Gilmar Ferreira

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