Padrões emocionais influenciam vínculos na vida adulta

Relacionamentos que causam dor, insegurança ou esgotamento emocional são mais comuns do que parecem. Muitas pessoas se veem em ciclos afetivos repetitivos — nos quais, mesmo mudando de parceiro, as experiências acabam se parecendo. Essa repetição, segundo estudos em psicologia do desenvolvimento, pode estar ligada a registros inconscientes formados ainda na infância.
Entre os pesquisadores que estudaram o tema, o psiquiatra britânico John Bowlby, escritor da trilogia clássica de livros sobre apego. Ele estabelece os fundamentos da Teoria do Apego, explicando como as experiências precoces de vínculo influenciam os padrões emocionais e de relacionamento ao longo da vida. Observou também que os cuidados recebidos nos primeiros anos de vida moldam os modelos emocionais usados nas relações futuras. Vínculos primários instáveis, com rejeição ou ausência emocional, tendem a gerar mecanismos de sobrevivência que, embora inicialmente protetores, tornam-se disfuncionais ao longo do tempo.
Uma pesquisa publicada pela Revista Psicologia USP apontou que pessoas com dependência emocional têm maior tendência a desenvolver baixa autoestima, sintomas depressivos e dificuldade para lidar com frustrações afetivas. Em muitos casos, pode haver uma idealização do parceiro ou um medo intenso de ficar só, possibilitando a pessoa a se anular em nome da relação.
“Esse padrão não é uma escolha consciente”, explica a hipnoterapeuta Giuliana Guimarães. “A neurociência demonstra que vivências emocionais não elaboradas ficam registradas em áreas do cérebro responsáveis por emoções e comportamento, sendo reativadas em situações de relacionamento. Quando isso acontece, é comum que a pessoa reaja com ansiedade, apego excessivo ou sensação de abandono, mesmo sem uma ameaça real.”
Frases como “sei que não me faz bem, mas não consigo sair disso” são recorrentes entre pacientes que buscam compreender padrões afetivos repetitivos. Profissionais da saúde mental afirmam que esses registros moldam o modo como uma pessoa se entrega, ama e, por vezes, se distancia por medo de sofrer novamente.
Diante dessa realidade, novas abordagens terapêuticas vêm se tornando cada vez mais procuradas. Uma delas é a Programação Neurobiológica Integrativa (PNI), desenvolvida por Giuliana Guimarães, hipnoterapeuta clínica, pedagoga e membro da International Therapist Register. Segundo ela, a PNI reúne técnicas como escuta terapêutica profunda, leitura do corpo e hipnose clínica para ajudar o paciente a acessar memórias emocionais que ficaram guardadas — muitas vezes, desde a infância.
“A dependência emocional não é um defeito. É um pedido de ajuda interno, vindo de partes nossas que não foram acolhidas. Quando entendemos isso, tudo começa a mudar”, explica Giuliana Guimarães, que também é especialista em terapia com casais e em dependência emocional. Em seu site, ela aborda com profundidade o tema no artigo “Rompendo com a dependência emocional”.
Existem várias abordagens terapêuticas que buscam trabalhar a dependência emocional. A terapeuta Giuliana Guimarães escolheu a hipnose como seu método, a PNI. Um bom profissional independente da técnica usada pode capacitar o individuo para suas mudanças de padrão em sua vida.
Essa mudança de padrão não é apenas uma questão de força de vontade, mas envolve transformações profundas no funcionamento do cérebro. Conforme aponta um artigo publicado na Revista Psicologia: Teoria e Prática, experiências emocionais têm o potencial de gerar mudanças nas conexões neurais, especialmente quando reinterpretadas em ambientes terapêuticos seguros. Esse fenômeno, conhecido como plasticidade neural, reforça a ideia de que, ao ressignificar vivências do passado, é possível modificar respostas afetivas automáticas — abrindo espaço para novas formas de se relacionar.
A compreensão dos próprios gatilhos emocionais é apontada por especialistas como um passo importante para fortalecer a autoestima, estabelecer limites e realizar escolhas mais conscientes. Mudanças nesse sentido tendem a ocorrer de forma gradual, especialmente quando acompanhadas por orientação profissional e comprometimento pessoal com o processo terapêutico.
O aumento na procura por tratamentos voltados à saúde emocional indica uma maior conscientização sobre a importância de abordar não apenas os sintomas atuais, mas também as raízes afetivas que os sustentam. Conforme apontam psicólogos clínicos, tratar padrões emocionais é uma forma de interromper ciclos que, muitas vezes, atravessam gerações.