IA transforma ERPs e amplia uso estratégico de dados

IA transforma ERPs e amplia uso estratégico de dados

Enterprise Resource Planning (ERP, Planejamento de Recursos Empresariais, em português) são softwares de gestão empresarial que integram processos de diferentes áreas da empresa, como finanças, compras, estoque, vendas e recursos humanos.

Um levantamento da Microsoft mostra que 74% das micro, pequenas e médias empresas brasileiras já usam inteligência artificial (IA). Entre elas, 46% investem na tecnologia para garantir a continuidade do negócio, 69% adotam assistentes virtuais no atendimento ao cliente e 27% identificam potencial da IA para finanças, administração e vendas.

Roberto Torres, especialista da empresa de consultoria em tecnologia e gestão empresarial DKP Consultoria, explica que a IA está sendo incorporada aos sistemas ERP por meio de algoritmos que aprendem com os dados operacionais das empresas. Segundo ele, essa integração ocorre em áreas como previsão de demanda, automação de processos financeiros, recomendação de compras e análise preditiva do comportamento do cliente.

“As plataformas mais modernas adotam mecanismos de machine learning para identificar padrões em grandes volumes de dados e sugerir ações proativas. Com isso, o ERP deixa de ser apenas um sistema de registro para se tornar um sistema de inteligência operacional e estratégica”, afirma o especialista.

Ainda de acordo com a pesquisa da Microsoft, o ganho de eficiência, produtividade e agilidade foi apontado por 54% dos entrevistados como uma das principais motivações para investir em IA. O relatório também mostrou que a segunda forma de aplicação mais comum da IA, com 64% das respostas, é como uma ferramenta de agilidade operacional.

Segundo Torres, os principais recursos de IA já utilizados nos ERPs modernos são chatbots inteligentes para suporte a usuários internos e clientes, análise preditiva para gestão de estoques, vendas e finanças, análise de crédito e risco em tempo real, reconhecimento de padrões e anomalias em processos contábeis e fiscais.

Além deste, o profissional também aponta as soluções para processamento de linguagem natural para interpretação e classificação automática de documentos, assistentes virtuais que geram relatórios gerenciais por comando de voz ou texto, além de recomendações automáticas baseadas no histórico de compras e comportamento de consumo.

“Diversas rotinas repetitivas e operacionais estão sendo automatizadas ou otimizadas graças à IA, como conciliações bancárias automáticas, geração de previsões de caixa com base em históricos e padrões, análise de crédito e risco em tempo real, sugestões automáticas de ressuprimento de estoque, leitura e classificação automática de notas fiscais e documentos, além da detecção de fraudes e inconsistências em processos contábeis e fiscais”, afirma Torres

Outro estudo, divulgado com exclusividade pela CNN, revela que 47% dos funcionários afirmaram que utilizam ferramentas de IA para concluir todas as suas tarefas e que o aprimoramento da eficiência no trabalho, ou seja, a redução do tempo gasto em tarefas repetitivas e obtenção de conhecimento para resolver problemas, é um dos principais benefícios indicados pelos respondentes da pesquisa.

ERPs mais adaptáveis e inteligentes

Para Torres, a introdução da IA nos sistemas de gestão tem permitido decisões mais estratégicas e preditivas. Ele explica que, com a possibilidade de ações corretivas e estratégicas mais ágeis, a empresa pode melhorar a performance financeira e operacional.

“Um ERP com IA pode alertar um gestor de produção sobre a probabilidade de ruptura de estoque com semanas de antecedência, com base na curva de demanda. Outro exemplo é a predição de inadimplência com base no comportamento de pagamento do cliente e em indicadores externos”, exemplifica o profissional da DKP Consultoria.

O especialista destaca que os ERPs inteligentes podem se diferenciar dos modelos tradicionais por aprenderem com o uso contínuo, anteciparem eventos e proporem soluções. 

“Enquanto os modelos tradicionais apenas registram transações, os ERPs com IA são capazes de se integrarem a fontes externas de dados, como indicadores econômicos e bases públicas, e transformarem dados em inteligência de negócios”, declara Torres.

De acordo com o profissional, insights gerados pela tecnologia têm influenciado decisões de negócio e estratégias corporativas ao permitir a identificação de tendências emergentes de mercado ou gargalos operacionais antes que se tornem problemas.

“Insights baseados em IA têm se tornado catalisadores de inovação, pois as empresas podem realinhar estratégias, otimizar investimentos e reposicionar seus produtos. Por exemplo, ao cruzar dados de venda, clima e sazonalidade, um ERP pode indicar a melhor data para uma campanha promocional ou a necessidade de redirecionar estoque para determinada região”, revela o especialista.

Adoção de IA pelas empresas ainda é limitada

Dados do relatório DXi 2024, promovido pela Meta e a Fundação Dom Cabral,  indicam que, apesar de 95% dos respondentes afirmarem que a IA tem papel central na estratégia e 76% considerarem a tecnologia como extremamente importante para o futuro dos seus negócios, apenas 14% têm metas bem estabelecidas para os projetos de IA.

O profissional da DKP Consultoria recomenda às empresas, que ainda operam com sistemas tradicionais e desejam evoluir para soluções inteligentes, iniciarem com um diagnóstico interno. Ele aconselha mapear gargalos, investir na capacitação das equipes, avaliar ERPs com recursos nativos ou integráveis de IA e começar com projetos-piloto. 

“O primeiro passo é entender que a transformação digital é inevitável, portanto, acima de tudo, é preciso ver a IA como uma aliada estratégica, não como um custo. Além disso, é fundamental garantir a qualidade e estruturação dessas informações, pois a tecnologia só funciona bem com dados confiáveis”, orienta o especialista.

Torres reforça que a IA nos ERPs representa uma das maiores revoluções nos sistemas de gestão desde o seu surgimento. Para ele, a incorporação democratiza o acesso à inteligência estratégica, empodera equipes e permite decisões com base em dados, e não em achismos. “Acredito que os ERPs inteligentes são pilares essenciais para a empresa do futuro, ou seja, ágil, eficiente, conectada e orientada por dados”, conclui.

Para saber mais, basta acessar: https://dkp-it.com.br/

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