Sul do Brasil: antes de fronteiras, limpem os gabinetes!

Por Gilmar Ferreira
Nos últimos tempos, a região Sul do Brasil tem chamado a atenção não apenas por sua força econômica ou identidade cultural, mas por um dado alarmante: o número crescente de prefeitos presos por corrupção, especialmente em Santa Catarina, onde 27 gestores foram detidos desde 2021. Em meio a esse cenário, cresce a discussão, muitas vezes mais emocional que racional, sobre a independência do Sul. Mas afinal, isso seria solução ou apenas cortina de fumaça diante de uma crise ética?
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A proposta separatista, representada por movimentos como “O Sul é o Meu País”, ganhou destaque recentemente com a fala do governador catarinense Jorginho Mello (PL), que, em tom de brincadeira, sugeriu uma possível separação caso “o negócio não funcione lá para cima”. A frase, embora descontraída, revela algo mais profundo: o sentimento de frustração com a política nacional. No entanto, esse descontentamento precisa ser enfrentado com seriedade, e não com fantasias de divisão.
É no mínimo irônico que a mesma região que concentra os maiores escândalos de corrupção municipal hoje defenda a criação de um novo país. Separar-se para quê, se os problemas que nos afligem não são de fronteiras, mas de caráter? A corrupção não respeita limites geográficos, ela é fruto de uma cultura política que precisa ser transformada, não apenas regionalizada.
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A crise que vivemos é ética. E não será com novas bandeiras ou fronteiras que encontraremos a solução. O que o Sul e o Brasil precisam é de reformas estruturais, de instituições fortes, de um Judiciário eficaz e de uma sociedade civil ativa e vigilante. Precisamos, sobretudo, abandonar o conformismo e exigir responsabilidade, transparência e compromisso real de nossos representantes.
O Sul tem, sim, muitos motivos para se orgulhar: economia sólida, IDH elevado, índices expressivos de educação e saúde. Mas tudo isso corre o risco de ser corroído se a corrupção seguir sendo tratada como algo “normal” e se a impunidade continuar sendo regra. Não há independência que cure um povo adoecido pela omissão e pela má gestão.
Portanto, antes de debatermos se o Sul deve ser um novo país, deveríamos perguntar: que país estamos sendo agora? E, mais ainda: que país queremos ser juntos? A resposta não está na separação, mas na união por valores que realmente transformam: ética, justiça e cidadania.