Não é a pobreza que ameaça a segurança, é o preconceito

Por Gilmar Ferreira
A fala da vereadora Giselli bianchini, que associa o aumento da insegurança em Maringá à presença de pessoas em situação de rua, revela um erro clássico do discurso político raso: mirar no sintoma e ignorar a causa. Em um post recente, ela chegou a citar São Paulo como exemplo positivo, afirmando que a cidade tem uma das menores taxas de homicídios por cem mil habitantes. Curiosamente, está certa nesse ponto. E é justamente aí que seu argumento desmorona.
São Paulo concentra entre 54 mil e 69 mil pessoas vivendo nas ruas, o que representa quase um quarto da população em situação de rua em todo o país. Mesmo assim, a capital paulista vem registrando alguns dos menores índices de homicídio do Brasil. Isso mostra, com dados e realidade, que pobreza não é sinônimo de violência.
O problema não está em quem dorme sob marquises ou pede ajuda nos semáforos. Está na ausência de políticas públicas consistentes, na falência dos serviços de acolhimento e na recusa sistemática de enxergar a desigualdade como um problema coletivo. Criminalizar os vulneráveis é uma estratégia antiga, covarde e ineficaz.
É mais fácil culpar quem está exposto do que enfrentar as falhas estruturais do Estado. Mas cidades que têm coragem de investir em moradia digna, saúde mental, inclusão e programas sociais — como as Vilas Reencontro, criadas em São Paulo — mostram que é possível cuidar da segurança sem desumanizar ninguém.
Fazer política com base no medo talvez garanta aplausos rápidos. Mas não constrói soluções. E muito menos justiça.
Se queremos cidades verdadeiramente seguras, precisamos parar de tratar o pobre como ameaça. A segurança nasce de equilíbrio, de inclusão e de dignidade. Sem isso, o que se alimenta é apenas o preconceito.
Créditos de Imagem: Foto da Manchete do Maringa Post