O maior ato de Bolsonaro seria encarar a Justiça, não enganar na Paulista

Lotar a Avenida Paulista é fácil. Difícil é lotar a cara de vergonha para encarar a verdade. Um ato com palco, trio elétrico e discurso inflamado não apaga crime, omissão nem mentira. Serve só para enganar quem ainda quer ser enganado.
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O Brasil não precisa de bandeiras sacudidas nem de gritos ensaiados. Precisa de confissão. Jair Bolsonaro deveria subir num púlpito, mas não para posar de perseguido. Deveria subir para dizer, sem meias-palavras, tudo o que fez para espalhar medo, dividir famílias, zombar de mortes e sabotar a democracia.
Deveria ter a decência de admitir que mentiu. Que desprezou vacina, que brincou com caixões, que atacou a Justiça, que espalhou teorias de golpe, que deixou o país sangrar enquanto fazia campanha em cima de caixões. Deveria olhar na cara de quem perdeu pai, mãe, filho, avô e dizer: “Eu falhei. Eu enganei vocês.”
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Mas coragem não se compra no camelô da Paulista. Não vem com camisa da seleção. Não se resolve em motociata. Coragem se prova na verdade, e verdade é tudo o que ele evita.
Pode encher a avenida quantas vezes quiser. Pode berrar que é perseguido, vítima, injustiçado. Não muda o fato de que a História vai cobrar o que o palanque tenta esconder. O melhor ato não é na Paulista. É na frente do espelho. É no tribunal. É na cela da consciência.