Adolescente que matou a avó após proibição do celular: um alerta para famílias e educadores

O recente caso do adolescente de 13 anos em Francisco Beltrão (PR), que assassinou a avó e feriu o avô após ter o acesso ao celular proibido, é um triste sinal de que precisamos olhar com mais atenção para a saúde emocional dos nossos jovens.
Como psicóloga, não posso deixar de destacar que um ato tão extremo não surge do nada. É fruto de um conjunto de fatores que envolvem desde o desenvolvimento emocional do adolescente, passando pela dinâmica familiar até o ambiente social em que ele está inserido.
Entendendo o que pode estar por trás do comportamento
Na adolescência, o cérebro ainda está em formação, especialmente as áreas responsáveis pelo controle dos impulsos e pela regulação emocional. Por isso, é natural que o jovem enfrente dificuldades para lidar com frustrações e emoções intensas. Porém, quando o descontrole ultrapassa limites, podendo levar a atos violentos, é um sinal de alerta para questões mais profundas.
Além disso, o uso excessivo e muitas vezes desregulado de celulares e redes sociais pode causar dependência emocional, ansiedade e isolamento social, piorando o quadro emocional do adolescente.
No caso citado, a proibição do celular foi o estopim para uma explosão de agressividade que infelizmente resultou em tragédia. Isso revela que o jovem possivelmente já vivia conflitos internos e externos não resolvidos, e não teve um suporte adequado para lidar com suas emoções.
O papel da família e da sociedade
Para evitar que situações como essa se repitam, é fundamental que famílias, escolas e profissionais da saúde trabalhem juntos para promover ambientes seguros e acolhedores para os adolescentes.
Pais precisam aprender a conversar com seus filhos, estabelecer limites claros, mas com empatia e respeito, evitando imposições rígidas que possam gerar revolta ou isolamento. Além disso, é importante observar mudanças de comportamento e buscar ajuda profissional sempre que perceber sinais de sofrimento ou agressividade.
Amar um Narcisista: Quando o relacionamento vira sobrevivência
Escolas devem atuar não apenas no ensino acadêmico, mas também no desenvolvimento emocional e social dos alunos, com programas de educação socioemocional e atendimento psicológico.
O que podemos fazer para prevenir
Promover o diálogo aberto: Incentivar os jovens a expressarem seus sentimentos e pensamentos, criando um ambiente de confiança.
Educar para o uso saudável da tecnologia: Estabelecer regras claras sobre o uso do celular, explicando os motivos, e negociando prazos e horários.
Atenção aos sinais de alerta: Isolamento, agressividade frequente, tristeza profunda ou mudanças bruscas de comportamento devem ser levados a sério.
Infância Violada: Crianças em abrigo de Maringá reacendem debate sobre educação e violência
Acesso a apoio psicológico: Buscar acompanhamento profissional pode ajudar o adolescente a desenvolver estratégias para lidar com emoções e conflitos.
Controle rigoroso do acesso a armas: Proteger os jovens do acesso a armas de fogo é fundamental para evitar tragédias.
Por que o príncipe virou sapo?
Conclusão
A violência cometida por adolescentes nunca é um ato isolado. É resultado de uma cadeia de fatores emocionais, sociais e familiares. Precisamos investir em prevenção, educação emocional e apoio para que nossos jovens cresçam seguros, compreendidos e capazes de enfrentar as dificuldades sem recorrer à violência.
Só assim evitaremos que casos como o de Francisco Beltrão se repitam, protegendo vidas e promovendo uma sociedade mais saudável e humana.

Cleide Marchiotti é psicóloga, psicanalista e especialista em relacionamentos. Atua com terapia individual, psicoterapia de casal, psicanálise contemporânea, sexualidade, atendimento para luto e tratamento de traumas emocionais.