Com tarifas, Trump ajuda Lula a segurar a inflação e ganhar apoio para se reeleger

Por Gilmar Ferreira
A decisão do ex-presidente Donald Trump de tarifar produtos brasileiros, caso volte à Casa Branca, soa como um tiro no pé, especialmente para o próprio eleitorado que diz defender: o agro. É importante entender o impacto real dessa decisão para os americanos e, sobretudo, para o Brasil.
Ao criar barreiras às exportações brasileiras, Trump não atinge apenas Lula, mas também o consumidor norte-americano, que verá produtos do Brasil, competitivos e de alta qualidade, chegarem mais caros às prateleiras. O efeito econômico é simples: quem paga a conta é o povo americano, que pode precisar recorrer a alternativas mais caras ou de qualidade inferior.
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Trump, com sua arrogância, parece ignorar que o Brasil não depende apenas dos Estados Unidos. Por aqui, se Lula não fosse o articulador internacional que é, respeitado em blocos como BRICS, Mercosul, União Europeia, África e Oriente Médio, o impacto poderia ser devastador para o agronegócio brasileiro. Mas Lula já demonstrou que sabe abrir portas e costurar acordos onde outros veem muros. Na prática, o Brasil deve reequilibrar suas exportações, direcionando soja, carne, milho e outros produtos a novos mercados.
Ironia maior: parte do agro brasileiro, que idolatra Trump, pode sair prejudicada justamente por essa admiração. A conta do populismo protecionista pode recair sobre os bolsos de quem hoje carrega o PIB brasileiro nas costas. Se não fosse a disposição de Lula em diversificar mercados e negociar em várias frentes, o estrago seria muito maior.
Outro ponto que Trump parece ignorar é que, se sobra produto no mercado interno, a maior oferta pode fazer os preços dos alimentos caírem ainda mais, o que favorece diretamente Lula. Com alimentos mais baratos, a inflação perde força e o poder de compra da população aumenta, justamente num momento decisivo para uma possível reeleição. Ou seja, o que era para ser uma ameaça pode se transformar em combustível político para Lula consolidar apoio popular.
A lição é simples: o Brasil não é um país qualquer. Temos produção robusta, compradores no mundo todo e, acima de tudo, Lula mantém uma liderança diplomática capaz de negociar novos destinos para nossos produtos. O mundo mudou, e Trump, com sua arrogância e protecionismo de palanque, ainda não percebeu.
No fim das contas, quem pode sair perdendo são os americanos, que terão menos acesso a produtos de qualidade por preços competitivos, e o agro brasileiro, que, mais uma vez, terá que se lembrar de que idolatria política nem sempre paga as contas no fim do mês, e que, por ironia do destino, será salvo por Lula.