Do Mato Grosso ao STF: A nova ‘Unção’ no tornozelo de Bolsonaro foi aplicada por Xandão

Em um desdobramento implacável do cenário político, o ex-presidente Jair Bolsonaro viu seus tornozelos se tornarem protagonistas de duas “unções” completamente distintas. A primeira, em abril de 2024, foi um ato de fervor religioso em Mato Grosso. A segunda, ocorrida nesta sexta-feira, 18 de julho, foi um ato da Justiça brasileira.
Durante sua visita ao estado do Centro-Oeste, um empresário ungiu os pés e tornozelos de Bolsonaro com óleo, rezando para que, onde ele colocasse os pés, pudesse prosperar. O apoiador declarou estar “destravando aquilo que colocaram” em seu tornozelo, numa clara referência a uma proteção divina contra seus adversários.
Contudo, a profecia de prosperidade e liberdade de movimento encontrou um limite concreto na lei. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o mesmo tornozelo que recebeu o óleo da fé agora carrega o peso de uma tornozeleira eletrônica. A decisão faz parte das investigações que apuram a conduta do ex-presidente e impõe a ele um monitoramento constante.
Se em Mato Grosso a cena era de libertação simbólica, a de hoje é de restrição real. A “unção” de Xandão, apelido pelo qual o ministro é conhecido, substituiu o óleo por um dispositivo eletrônico que vigia e limita.
A ironia dos acontecimentos deixa uma mensagem clara: em um Estado de Direito, não há unção, ritual ou fervor popular que possa blindar um cidadão de responder por seus atos. A determinação do STF reforça que ninguém está acima da lei e que, independentemente das orações de seus seguidores, Jair Bolsonaro terá de enfrentar as consequências de suas ações perante a Justiça.