Mudanças climáticas ameaçam habitat da araucária e da gralha-azul no Paraná, aponta estudo

Mudanças climáticas ameaçam habitat da araucária e da gralha-azul no Paraná, aponta estudo

Um estudo em andamento realizado por pesquisadores do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Emergências Climáticas (Napi-EC) projeta um cenário preocupante para o futuro da biodiversidade no Paraná: até 2090, a araucária, árvore símbolo do estado, pode perder até 84,81% de seu habitat natural. A gralha-azul, ave responsável pela dispersão de suas sementes, também corre risco, com estimativa de perda de 41,74% das áreas adequadas.

Coordenado por uma equipe interdisciplinar de pesquisadores formada por Dayani Bailly (UEM), Luana Possamai (UEM), Luiz Fernando Esser (UEM), Marcos Robalinho (UEL), Marcos Akira (UEL) e Reginaldo Ré (UTFPR), o estudo mostra que as áreas de coexistência entre as duas espécies podem ser reduzidas em 75,3%. Os impactos envolvem também riscos socioeconômicos, como a redução da oferta de pinhão, que movimentou mais de R$ 20 milhões no Paraná apenas em 2022, de acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral).

Para entender as projeções, os pesquisadores desenvolveram softwares próprios baseados em aprendizado de máquina: o CaretSDM, voltado à modelagem de distribuição de espécies, e o ChooseGCM, que permite selecionar cenários climáticos com maior precisão e menor demanda computacional. “Com o nosso software, a pessoa usa o mínimo possível de programação e ainda assim consegue chegar a resultados”, explica Luiz Fernando Esser, pós-doutorando da UEM.

Os dados indicam que a perda da araucária pode impactar diretamente a biodiversidade e a economia local. “A primeira coisa é que não teremos tanto pinhão para comer no inverno. Existem produtores de café que fazem a extração do pinhão nesse período. Por isso, as famílias que dependem dele podem sofrer consequências financeiras”, destaca Luana Possamai, mestranda em Ecologia de Ambientes Aquáticos Continentais na UEM.

Além de prever impactos, o estudo identifica os chamados refúgios climáticos, áreas que devem permanecer propícias ao desenvolvimento das espécies mesmo sob alterações severas no clima. “A ideia foi partir de espécies que são símbolos do Estado, que estão em bandeiras e representam uma característica natural do Paraná”, afirma Marcos Akira, doutorando em Ciências Biológicas na Universidade Estadual de Londrina (UEL).

Redação O Diário de Maringá

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