O Dilema de Luiz Neto: Ele esconde ou distorce a realidade?

Por Gilmar Ferreira
Vereador Luiz Neto precisa agir diferente
A recente aprovação da lei municipal de autoria do vereador Luiz Neto (AGIR), que determina à Prefeitura de Maringá a divulgação da localização dos radares, tem sido motivo de postagens em suas redes sociais. Nessas publicações, o vereador parece querer alegar que, a partir de agora, é por sua iniciativa que a prefeitura passará a publicar os locais dos radares. Isso, no entanto, levanta uma importante discussão, pois, embora a intenção de aumentar a transparência seja sempre positiva, é válido questionar se essa legislação realmente traz algo novo ou se apenas reitera uma prática já estabelecida e exigida por normas federais.
É fundamental entender que a publicidade sobre os pontos de fiscalização eletrônica no trânsito não é uma novidade, nem algo que Maringá começou a fazer agora. Ela já é uma diretriz nacional consolidada, expressa na Resolução CONTRAN nº 798/2020. Esta resolução, que orienta a fiscalização de velocidade em todo o país, estabelece que os órgãos e entidades de trânsito devem dar ampla visibilidade, por meio de seus sites, à lista de trechos ou locais aptos à fiscalização. O grande objetivo disso é garantir que a fiscalização tenha um caráter educativo e preventivo, e não apenas arrecadatório.
E Maringá, cabe ressaltar, já cumpre essa exigência há bastante tempo. A Prefeitura, por meio de seu Diário Oficial, disponibiliza as informações sobre os radares fixos para qualquer cidadão. Isso não é uma concessão ou uma novidade trazida pela lei do vereador; é, na verdade, uma adesão consciente a uma norma que busca a segurança e a fluidez do trânsito na cidade.
Diante desse cenário, quando o vereador Luiz Neto (AGIR) celebra a aprovação de uma lei municipal com essa mesma finalidade, e ainda a utiliza para alegar uma iniciativa inédita em suas redes sociais, a dúvida que surge é: qual é o benefício real para o cidadão maringaense? Estaríamos presenciando uma verdadeira inovação na gestão do trânsito ou um ato que, embora pareça bem-intencionado, pode estar mais ligado à busca por visibilidade política do que a uma contribuição efetiva para a vida na cidade?
É inegável que a aprovação de uma lei é um marco importante para qualquer parlamentar. No entanto, o foco do trabalho legislativo deveria estar em resolver problemas não solucionados, em preencher lacunas na legislação existente ou em propor melhorias que realmente façam a diferença. Como o próprio vereador Luiz Neto posta, “Maringá merece mais”, e isso inclui não tentar se promover com algo que o executivo já faz há anos. Legislar sobre uma prática já consolidada, seja por força de lei federal ou por compromisso da administração local, e ainda promover isso como uma grande novidade, pode desviar a atenção de questões mais urgentes e complexas que exigem a dedicação de nossos representantes.
A transparência no trânsito é importante e deve ser mantida, mas ela já é uma realidade em Maringá, fruto de um alinhamento com as diretrizes nacionais. O verdadeiro desafio, para o qual o empenho legislativo poderia ser direcionado, seria aprimorar a fiscalização de forma mais ampla, investir em educação para o trânsito e propor melhorias na infraestrutura urbana que impactem de fato a segurança e a fluidez do tráfego. Que nossos representantes concentrem seus esforços em avanços significativos, utilizando o tempo e os recursos públicos de forma mais eficiente.
Luiz Neto está se autopromovendo nas redes como se a lei fosse algo inédito, mas isso não é verdade. Veja:




