IA chegou para transformar a logística, diz especialista
Cada segundo tem importância no varejo. Através das entregas pontuais ou reposição de produtos, atua uma operação logística cada vez mais estratégica. Nesse cenário, a Inteligência Artificial (IA) tem assumido um papel central na transformação da logística.
De acordo com o relatório “The future of the Last-Mile Ecosystem”, do World Economic Forum, as entregas automatizadas deverão representar, aproximadamente, 20% das operações logísticas globais. Para se adaptar rapidamente, o setor deve passar por mudanças significativas, envolvendo tecnologias avançadas, como a integração da Internet das Coisas (IoT), IA e Big Data.
“A inteligência artificial deixou de ser promessa para se tornar realidade e já está transformando profundamente a logística brasileira. Seus impactos são concretos, medidos em economia de tempo, redução de custos e melhoria da experiência do consumidor“, contextualiza Vinicius Pessin, CEO da logtech Eu Entrego.
O especialista ainda cita que os algoritmos processam dados em tempo real e se aprimoram continuamente. “Eles analisam, em tempo real, variáveis como trânsito, janelas de entrega e grau de urgência. Com isso, rotas são otimizadas, falhas humanas são evitadas e entregas chegam com mais precisão. O que antes dependia de processos manuais, como a elaboração de propostas logísticas, agora pode ser automatizado. Em poucos segundos, os preços são ajustados e os custos diminuem, enquanto a eficiência cresce“, explica.
De acordo com um levantamento da consultoria internacional McKinsey, o mercado global de IoT deve chegar a um valor de US$ 12,6 trilhões até 2030, tendo o setor logístico como um dos mais beneficiados.
Na chamada “última milha”, a inteligência artificial já aparece em tecnologias de rastreamento em tempo real. Além disso, com o cruzamento de dados históricos, padrões de compras e sazonalidade, a IA permite previsões de demanda mais precisas, contribuindo para estoques mais inteligentes.
“Um exemplo prático vem de um varejista da região Norte do país, que integrou uma plataforma de roteirização via API. Antes, quatro pessoas eram responsáveis por essa tarefa durante seis horas por dia. Após a adoção da IA, uma única pessoa consegue realizar o mesmo trabalho em apenas 40 minutos. Cidades como Manaus, Boa Vista, Rio Branco e Porto Velho passaram a contar com entregas mais rápidas e coordenadas. O reflexo financeiro também é claro: redução de até 20% nos custos logísticos, sem comprometer e, muitas vezes, até melhorando a experiência do consumidor“, diz Pessin.
Hoje, assistentes inteligentes recalibram rotas em tempo real, auxiliam entregadores em campo e respondem automaticamente às dúvidas dos consumidores. Uma pesquisa aponta que 43% das empresas no Brasil já utilizam IA e aprendizado de máquina em seus sistemas de gerenciamento de transporte (TMS).
“Apesar dos avanços, ainda não se trata de uma tecnologia ‘plug and play’. O setor logístico enfrenta desafios como sistemas isolados, dados dispersos e uma cultura que muitas vezes resiste à mudança. A integração, limpeza e uso estratégico desses dados exigem esforço, treinamento e quebra de paradigmas. O futuro da logística será moldado por um ecossistema de IA, Internet das Coisas, sensores e robôs, promovendo mais visibilidade, velocidade, segurança e sustentabilidade. E a verdade é que esse futuro já começou. O nome dele é inteligência artificial“, finaliza.