Dependência química afeta 64 milhões de pessoas no mundo

Cerca de 64 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de transtornos associados ao uso de drogas, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2024, elaborado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). De acordo com o documento, mais de 292 milhões de pessoas usaram drogas em 2022, o que representa um aumento de 20% em dez anos.
Conforme aponta o levantamento, apenas uma em cada 11 pessoas com transtornos associados ao uso de drogas recebeu tratamento. Os dados revelam que as mulheres têm menos acesso ao tratamento — a proporção é de uma em cada 18 —, enquanto entre os homens é de um em cada sete. O relatório reforça o direito de todos os seres humanos à saúde, inclusive a pessoas que usam drogas, suas famílias e outras pessoas em suas comunidades.
Dr. Mauricio Horiguela, psiquiatra especialista em dependência química da Clínica de Recuperação Jequitibá, afirma que alguns fatores clínicos e epidemiológicos contribuíram para o aumento do consumo global de drogas.
“A globalização, a crise socioeconômica, os opioides sintéticos, uma maior fragilidade social e o stress ambiental são algumas das motivações do crescimento do uso global de drogas nos últimos dez anos”, cita.
A pesquisa do UNODC ressalta que a canábis é a droga mais consumida em todo o mundo, por 228 milhões de pessoas, seguida dos opioides, por 60 milhões de usuários, e destaca que os nitazenos — um grupo de opioides sintéticos que pode ser ainda mais potente do que o fentanil — surgiram em países de renda alta, resultando no aumento de mortes por overdose.
Para o médico, esse cenário exige que os profissionais de saúde e reabilitação adaptem seus protocolos de atendimento: “São necessárias medidas emergenciais, tratamentos com antagonistas mais potentes, além de treinamento contínuo e atualização clínica para lidar com essas substâncias emergentes”.
O psiquiatra alerta para alguns sinais físicos e comportamentais que podem indicar que uma pessoa está desenvolvendo dependência química, e que servem de alerta para familiares e amigos.
“Isolamento, perda de peso, desmotivação, abandono de responsabilidades e comportamento impulsivo estão entre os principais indícios”, observa Horiguela.
Tratamento da dependência
Marcela Abrahão, psicóloga clínica e coordenadora de tratamentos da Clínica de Recuperação Jequitibá, destaca que a baixa taxa de atendimento a pessoas com transtornos ligados ao uso de drogas revela obstáculos importantes no acesso ao cuidado.
“O preconceito, a dificuldade de acesso, a pouca oferta qualificada e a baixa integração entre saúde mental e dependência ainda impedem que muitos recebam o tratamento adequado”, revela.
A psicóloga clínica ressalta que a dependência química é tratável e que existem diferentes abordagens médicas reconhecidas como eficazes, incluindo medicamentos, terapias cognitivas e programas integrados que oferecem suporte abrangente aos pacientes.
Segundo a profissional, o apoio psicológico é fundamental para trabalhar gatilhos, lidar com emoções e prevenir recaídas. “A psicoterapia trabalha o reforço da motivação, o enfrentamento de frustrações e a elaboração de novos planos de vida com segurança, ajudando o paciente a desenvolver resiliência durante o tratamento”, explica.
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