Vídeos curtos superam TV e redefinem produção de conteúdo

Vídeos curtos superam TV e redefinem produção de conteúdo

O consumo global de vídeos online é 14% maior que o de televisão, segundo dados da GWI divulgados no Relatório Global de Estatísticas Digitais de julho de 2025, elaborado pela We Are Social. Em média, são 11h39 semanais em plataformas digitais, contra 10h15 diante da TV.

A comparação inclui transmissão aberta, canais a cabo e plataformas de streaming — que equivalem a 50,1% do tempo total de TV. O levantamento mostra ainda que vídeos curtos, como Reels e TikToks, superaram os formatos longos no tempo de visualização, com 6h42 por semana contra 4h57.

Daniel Parra Moreno, especialista em marketing e CEO da DPARRA Tecnologia, observa que esse cenário já era esperado, no entanto, pontua que a velocidade com que aconteceu impressiona. Para ele, o público quer dinamismo, personalização e controle sobre o que consome.

"O consumo está mudando e a tecnologia precisa acompanhar. O vídeo curto entrega estímulo rápido, fácil digestão de conteúdo e uma experiência imersiva, e as redes sociais entenderam isso antes da TV tradicional", afirma o especialista.

O executivo ressalta que a forma como o público consome vídeos reflete diretamente na maneira como se mede o engajamento e a retenção de audiência. Ele observa que o engajamento em vídeos curtos não se mede apenas pelo tempo total de exibição, mas também pela frequência e viralidade.

"O usuário consome doses curtas, várias vezes ao dia. Isso cria uma relação mais recorrente e emocional com o conteúdo. Na prática, é uma mudança de paradigma que altera a lógica de criação e monetização para produtores e marcas", explica Daniel Parra.

Dados da Comscore, divulgados pela Forbes, indicam que o Brasil ocupa a terceira posição global em consumo de redes sociais. O estudo revela que esses canais lideram a preferência dos brasileiros frente a outras categorias online, atrás apenas de Índia e Indonésia, e à frente de Estados Unidos, México e Argentina.De acordo com o especialista da DPARRA Tecnologia, canais de TV e serviços de streaming estão reagindo à preferência crescente por vídeos curtos migrando trechos de seus programas para o formato vertical, com cortes rápidos e linguagem mais informal. Segundo ele, plataformas como Netflix, Amazon e Globoplay também começaram a testar conteúdos extras em formato curto.

"Estamos vendo uma movimentação interessante com trailers interativos, bastidores e conteúdos originais nativos para mobile. É uma adaptação necessária, já que o desafio é cultural. O conteúdo precisa nascer curto, e não ser apenas encurtado", destaca o profissional.

Perspectivas para consumo de conteúdo

Para Daniel Parra, a tendência das plataformas continuarem capturando mais atenção reforça o novo ecossistema de mídia. De acordo com ele, a produção de conteúdo passa a exigir mais agilidade, criatividade e foco em dados: "O ciclo de produção é mais rápido, e o conteúdo precisa ser pensado para performar em segundos".

O especialista enfatiza que a monetização também muda, sai o modelo de patrocínio clássico e entra no modelo baseado em performance, cliques e engajamento. "No jornalismo, vemos uma grande oportunidade — veículos que aprenderem a contar histórias relevantes em 30 segundos podem alcançar uma audiência que não costuma ligar a TV", afirma.

Segundo o executivo, o deslocamento de anunciantes da TV para plataformas digitais já está em curso, e a publicidade está sendo guiada pela atenção do público.

"Há um crescimento expressivo do investimento em mídia programática e anúncios em plataformas como YouTube Shorts e TikTok. Por outro lado, a TV conectada está se reinventando, misturando modelos de assinatura com publicidade interativa. Ainda existe valor na tela grande, mas ela precisa falar a língua do algoritmo", avalia o especialista.

Conforme pondera Daniel Parra, a forma como o público consome mídia reflete uma mudança tanto comportamental como cultural. "O mobile moldou nossos hábitos, notificações, swipes, consumo sob demanda, mas isso já afeta a forma como nos comunicamos, aprendemos e nos relacionamos com marcas e conteúdos. Vivemos uma transformação que vai além da tecnologia, é uma revolução cultural digital", salienta.

O CEO da DPARRA aponta que isso reforça a importância de investir em tecnologia voltada para análise de comportamento e inteligência de recomendação. De acordo com o profissional de marketing, a próxima fronteira a ser transposta será a personalização em escala — combinando inteligência artificial (IA) com vídeos curtos, ou seja, conteúdos criados sob medida para micro segmentos, ou até para indivíduos. "O futuro será dominado por quem souber unir criatividade, tecnologia e agilidade. As regras do jogo mudaram e quem não se adaptar pode ficar para trás", conclui Daniel Parra Moreno.

DINO