Deus, Pátria e Família bem empregada: Vereadora Giselli Bianchini tem suspeita de favorecer o mercado imobiliário

O projeto de lei da vereadora Giselli Bianchini, que busca proibir a permanência de pessoas em situação de rua nas vias públicas, é um reflexo do debate complexo em torno desse desafio social. A proposta tem implicações que tocam em questões econômicas, sociais e, notavelmente, religiosas.
A iniciativa levanta profundos questionamentos sobre a atuação de uma figura política que se define publicamente como cristã e patriota. Essa legislação, em sua essência, parece criar uma contradição flagrante com os ensinamentos centrais do cristianismo. A Bíblia, considerada a base dessa fé, enfatiza a compaixão e o cuidado com os mais vulneráveis. Passagens como Mateus 25:35-40, onde Jesus se identifica diretamente com os marginalizados, e Provérbios 19:17, que associa a compaixão aos pobres a um empréstimo feito a Deus, delineiam uma fé que se manifesta por meio de ações compassivas e de amor ao próximo.
Portanto, a proposta de Giselli Bianchini, ao buscar a expulsão de pessoas em situação de vulnerabilidade, parece se afastar desses preceitos, gerando a pergunta: se a fé cristã prega o acolhimento, como uma cristã pode propor o oposto?
A vereadora se apresenta também como uma patriota, mas suas ações e a proposta em questão parecem contradizer os próprios princípios que ela defende, chegando a levantar dúvidas sobre sua ética profissional e política. A proposta de lei, justificada por “segurança e mobilidade urbana”, corre o risco de ser vista como uma forma de criminalizar a pobreza, desumanizar os mais vulneráveis e, em última análise, de servir a uma agenda que favorece interesses próprios e de eleitores que preferem ignorar a realidade da pobreza.
Um projeto como esse só favorece o mercado imobiliário, que está de olho em pontos importantes da cidade, mas que, infelizmente, estão tomados por pessoas em situação de rua.
A utilização de rótulos como “cristã” e “patriota” pode, então, ser percebida como uma estratégia para justificar uma agenda de exclusão social e perseguição. A questão central que emerge é se a fé cristã é genuína e o projeto de lei, um equívoco, ou se ela é usada meramente como uma ferramenta retórica para defender uma agenda que vai contra os princípios básicos de compaixão e solidariedade.