Se Ratinho Junior for presidente, suposta dívidas das empresas do pai serão pagas ou anistiadas?

Ratinho Pai construiu sua imagem em cima de um discurso inflamado contra privilégios. Do alto de seus microfones, condena a Lei Rouanet, chama de “vagabundos” os que recebem perdão do Estado e repete que no Brasil falta rigor para cobrar quem deve. Mas há uma pedra no caminho que compromete toda essa retórica: a suposta dívida milionária de suas empresas com o fisco, superior a R$ 80 milhões.
Não se trata de um detalhe. Uma dívida dessa magnitude coloca em xeque cada palavra do apresentador que se vende como defensor da moralidade. Pior: enquanto essa conta milionária permanece sem resposta, as emissoras da família seguem irrigadas com recursos públicos vindos do governo do Paraná, comandado pelo filho, Ratinho Júnior. A confusão entre o que é interesse público e o que é negócio familiar nunca foi tão explícita.
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O que resta, então, do discurso moralista? Quando se trata dos outros, a cobrança é dura e implacável. Quando o assunto é a própria casa, a regra parece mudar: silêncio sobre a dívida, complacência com o uso do dinheiro público e, quem sabe, até simpatia por uma eventual anistia. A coerência se dissolve na conveniência.
E o futuro reserva uma dúvida ainda mais cruel: se Ratinho Filho chegar à Presidência, a engrenagem continuará a mesma? O dinheiro público seguirá abastecendo as emissoras do pai? A dívida milionária será paga ou simplesmente varrida para baixo do tapete com uma canetada oficial?
Um país cansado de privilégios não pode se dar ao luxo de aceitar moralidade seletiva. Ou a lei vale para todos, ou não passa de espetáculo para a plateia.