Negócios de Família: Contratos Públicos no Paraná Têm Endereço Certo: O Círculo Íntimo do Governador

A gestão pública no Paraná, estado que segundo Ratinho Junior e um exemplo para o Brasil, vive um momento em que as linhas entre o público e o privado parecem se misturar de forma desconfortável. Quando falamos do governo de Ratinho Júnior, surgem questionamentos legítimos que precisam de esclarecimentos antes que qualquer horizonte político maior seja pleiteado. Afinal, a transparência não é apenas uma exigência legal, mas um pilar de confiança entre o governante e o cidadão.
O Lado Humano do Custo da Gestão
A máquina pública, para funcionar, exige recursos e escolhas. No entanto, algumas dessas escolhas levantam sérias dúvidas sobre as prioridades do Estado. É profundamente preocupante ver o governador aparentemente “lavar as mãos” diante da situação de trabalhadores da obra da PR-317 que ficaram sem seus pagamentos por construtoras contratadas pelo próprio governo. A responsabilidade do Estado vai além da assinatura do contrato; ela inclui zelar por quem está executando a obra. O sofrimento desses trabalhadores e suas famílias é real, e o Governo do Paraná não pode ser omisso nesse drama social. Da mesma forma, o uso de aeronaves oficiais do Governo para deslocamentos por diversas partes do Brasil, muitas vezes para compromissos que carecem de justificativa clara de interesse público, merece ser investigado. O avião oficial não é um táxi aéreo particular. Cada decolagem tem um custo para o contribuinte, e a população precisa saber se o uso desses recursos está estritamente alinhado com as necessidades e agendas do Paraná.
A Família e o Espaço Público
O que realmente chama a atenção é a concentração de interesses e oportunidades envolvendo o círculo familiar do governador. A destinação de verba publicitária governamental para uma empresa de comunicação ligada à família do pai do governador e a veiculação de peças que, na percepção popular, se assemelham mais à promoção de uma pré-campanha presidencial do filho do que à informação de pautas relevantes para os paranaenses, é um sinal de alerta. O dinheiro público deve financiar campanhas de utilidade pública, e não ambições políticas pessoais ou familiares. A contratação do humorista Alorino Júnior – que trabalha ao lado do irmão do governador na TV da família – para uma campanha do Detran, somada à venda de shows para prefeituras por parte do tio do governador, reforça a imagem de uma estrutura excessivamente unida no uso de recursos públicos e oportunidades de negócio.
Embora a relação de parentesco por si só não configure ilegalidade, a repetição de coincidências no uso de dinheiro público e a proximidade com o poder exige a máxima transparência para evitar qualquer suspeita de favoritismo ou tráfico de influência.
O Custo da Desconfiança
Esta série de fatos: a omissão com os trabalhadores, o uso do patrimônio público para viagens duvidosas e a circulação de verba estatal dentro do círculo familiar, cria uma névoa de desconfiança. Para pleitear um cargo de Presidente da República, um político precisa oferecer mais do que eficiência administrativa; precisa oferecer ética inquestionável e desprendimento do interesse privado. O Paraná, como laboratório dessa gestão, é o primeiro a exigir que o Governo Ratinho Júnior saia da defensiva. É preciso esclarecer cada um desses pontos. É preciso demonstrar que a prioridade é o estado, não a família ou as ambições eleitorais futuras. Afinal, se a maneira como se gere o Paraná, um estado, já levanta tantas questões, o que esperar quando o palco for o Brasil? Sem transparência e sem a separação estrita entre o público e o privado, a gestão, de fato, “não terá graça nenhuma”. O que o paranaense espera é que o rigor com o uso dos recursos públicos seja tão grande quanto a ambição pelo poder. O Governo deve explicações.