Mais que teoria: aulas vivenciais engajam e educam

Mais que teoria: aulas vivenciais engajam e educam

Na contramão da tradicional aula expositiva, cresce nas escolas brasileiras uma tendência que recupera o valor do “aprender fazendo”: as aulas experimentais. Com base em metodologias ativas, essas práticas propõem a imersão dos estudantes no tema a ser estudado, favorecendo o protagonismo, a criatividade e o pensamento crítico. Trata-se de uma educação em que os alunos deixam de ser meros receptores de conteúdo para se tornarem sujeitos ativos do próprio aprendizado.

Segundo a neurocientista Barbara Oakley, autora de Aprendendo a aprender, o cérebro humano retém melhor as informações quando estas estão associadas a experiências sensoriais e afetivas. Essa perspectiva dialoga com os estudos de Maria Montessori, para quem o desenvolvimento do conhecimento passa, sobretudo, pela manipulação concreta do mundo ao redor.

O pedagogo Paulo Freire também já apontava, em Educação como prática da liberdade, que a educação precisa ser um ato de criação, de invenção, de reinvenção — e não de repetição. “Aprender é um ato de liberdade, não de submissão”, escreveu o educador pernambucano.

A Idade Média em Foz do Iguaçu

No Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR), a teoria se transforma em vivência. Há 7 anos, a escola realiza anualmente a Feira Medieval, uma ação cultural que une ensino, ludicidade e solidariedade. Com barracas temáticas organizadas pelos próprios alunos, que abordam assuntos como alquimia, astronomia e armamentos, o evento é um mergulho no contexto histórico da Idade Média.

“O protagonismo dos estudantes faz toda a diferença. A feira desenvolve habilidades como criatividade, trabalho em equipe, liderança e pesquisa histórica, tudo de forma lúdica e significativa”, afirma o coordenador do Ensino Médio do Colégio Semeador, Henrique Pedrotti.

Alimentação saudável e sustentável em São Paulo

Em aulas de Língua Inglesa no colégio Santo Ivo, em São Paulo (SP), os estudantes vivenciaram práticas de alimentação saudável e sustentável, aprendendo, com apoio de uma chef e uma nutricionista, sobre o uso integral dos alimentos, a valorização de ingredientes sazonais e a redução do desperdício. O projeto ainda explorou restrições alimentares e incentivou a autonomia no preparo das receitas.

Além de estimular o interesse por novos sabores e hábitos mais conscientes, a atividade desenvolveu cálculo, planejamento e trabalho em equipe, ao mesmo tempo em que ampliou a comunicação em inglês. O semestre foi encerrado com uma aula aberta para as famílias, em que os estudantes apresentaram suas habilidades e conquistas dentro e fora da cozinha.

Educação financeira e engajamento escolar no interior do Paraná

No Colégio Estadual Amanda Carneiro de Mello, em Castro (PR), o aprendizado também é vivido na prática — e com recompensa. Por meio do projeto “Dinheirinho do Guarazinho”, a escola pública desenvolveu uma “moeda escolar” fictícia, o Guará, distribuída conforme a frequência dos estudantes. A cada semana, quem mantém presença entre 90% e 95% recebe 5 guarás; já os que ultrapassam 95,01% ganham 10. Os valores podem ser trocados por itens escolares ou de lazer na “Lojinha da Frequência”, montada na biblioteca da escola.

Mais do que um sistema de recompensas, a proposta ensina educação financeira desde cedo, promovendo noções de economia doméstica, planejamento, poupança e escolha consciente. “A iniciativa já trouxe resultados visíveis, como aumento da assiduidade, maior envolvimento dos alunos nas atividades escolares e até mudanças comportamentais positivas”, afirma o coordenador administrativo da escola, Alessandro Kremer. O projeto é um exemplo de como a ludicidade e o protagonismo podem transformar o cotidiano escolar em uma poderosa ferramenta de formação cidadã.

Educação com sentido e emoção

Experiências como essas não são meros eventos pontuais. Elas exemplificam um modelo educacional que reconhece o valor do corpo, da emoção e da coletividade no processo de aprendizagem. Estudos indicam que o engajamento afetivo amplia a fixação do conteúdo, fortalece vínculos e estimula o senso de pertencimento.

Além disso, de acordo com a diretora pedagógica do Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) dos colégios da Rede Positivo, Maria Fernanda Suss, “ao resgatar o valor da experiência na escola, essas práticas desafiam o modelo tecnicista ainda vigente em muitos sistemas educacionais, marcado por avaliações padronizadas e pouca flexibilidade”. 

O que mais pode ser feito

Outras iniciativas de aulas experimentais que podem ser aplicadas nas escolas incluem:

  • Simulações de julgamentos históricos para discutir direitos humanos e ética;
  • Feiras científicas temáticas com foco em sustentabilidade, biotecnologia ou física aplicada;
  • Laboratórios móveis que integrem arte e ciência;
  • Projetos interdisciplinares de urbanismo, com proposições para o bairro onde vivem;
  • Estudos de campo em comunidades locais para discutir questões sociais com base em dados reais.

Segundo Maria Fernanda, essas ações podem ser feitas em escolas públicas e privadas e não exigem necessariamente alto investimento. “Exigem, sim, disposição institucional para repensar o papel da escola na formação integral do sujeito”, ressalta.

Sobre o Colégio Semeador

Fundado em 1994, em Foz do Iguaçu (PR), o Colégio Semeador atende da Educação Infantil ao Ensino Médio em um espaço de 161 mil m² que valoriza o contato com a natureza e o bem-estar dos estudantes. Sua proposta pedagógica une teoria e prática, promovendo aprendizagem contínua, pensamento crítico e criatividade. Desde 2019, integra a Rede Positivo.

Redação

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