Do giz à era digital: professor de 82 anos faz da sala de aula seu lugar no mundo

Do giz à era digital: professor de 82 anos faz da sala de aula seu lugar no mundo

Do giz à era digital: professor de 82 anos faz da sala de aula seu lugar no mundo

Egresso do curso de Direito, desembargador aposentado Clayton Reis celebra o Dia do Professor no UniCuritiba, onde leciona há mais de três décadas 

“A arte do saber sempre representou para mim um processo de libertação.” A frase, dita com a sabedoria e a experiência de quem se dedica há décadas ao processo de aprender e ensinar, sintetiza o espírito do professor doutor Clayton Reis, 82 anos.

Nos corredores do UniCuritiba, onde leciona há mais de 30 anos, o desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Paraná é a representação do conceito de lifelong learning (aprendizado ao longo da vida).

Formado em Química pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1966 e em Direito, em 1969, pela Faculdade de Direito de Curitiba (hoje UniCuritiba), o atual professor do Programa de Pós-graduação em Direito (PPGD) da instituição construiu uma trajetória acadêmica e profissional marcada por propósitos.

Filho de um juiz de Direito, Clayton Reis cresceu cercado por exemplos de integridade e firmeza moral: valores que sempre defendeu em sua trajetória e que não desiste de repassar aos alunos. Casado há 57 anos com Tânia Máris Alberge Reis e pais de 5 filhos, o professor tem uma coleção de memórias. Entre elas, fala com carinho do tempo em que deu aulas para o próprio filho, Guilherme Alberge Reis, e de ter visto a filha Andrea Reis Tolazzi também se tornar bacharel em Direito.

“Nunca disse em sala de aula que ele era meu filho. E foi na minha disciplina que o Guilherme tirou sua menor nota no curso, nota 8”, recorda o professor rigoroso que divide espaço com o pai cheio de orgulho: “Na sessão de colação de grau de bacharel em Direito pelo UniCuritiba, eu fiz questão de estar na mesa diretora e entregar pessoalmente o diploma dele”.

Pós-doutor pela Universidade de Lisboa, mestre e doutor pela Universidade Federal do Paraná, Clayton Reis carrega no currículo a história de quem já ocupou posições de prestígio e o brilho de quem ainda se emociona em sala de aula. Não à toa, foi patrono, paraninfo, nome de turma e recebeu inúmeras homenagens especiais dos alunos formandos.

No UniCuritiba, ele foi professor pela primeira vez entre 1975 e 1977. Retornou em 1992 e permanece até hoje ensinando novas gerações. Ao longo da jornada, deu aulas nas disciplinas de Família, Direitos Reais e Responsabilidade Civil. Atualmente, além das turmas de graduação e pós-graduação, também leciona na Escola da Magistratura do Estado do Paraná.

“De aluno a professor há um imenso espaço temporal, conquistado com esforço, estudos, desafios e, sobretudo, amor à docência. A sala de aula revelou minha vocação de estar com meus alunos”, reflete o professor de Direito Civil.

Da Química ao Direito: uma virada de vocação

Clayton começou a lecionar ainda jovem, como professor de Física e Química no ensino médio. “Sempre fui apaixonado pelas ciências exatas”, recorda. A curiosidade científica e o gosto pela precisão o levaram a cursar especializações na área, mas uma “revolução pessoal” o fez mudar de rumo: apaixonou-se pelo Direito.

“Em pouco tempo, descobri que o Direito seria meu novo desafio na transmissão do saber”, conta. A mudança não apagou o rigor científico que sempre guiou os passos do professor Clayton. Pelo contrário, reforçou sua crença de que a docência é também uma forma de investigação e reflexão sobre o humano.

Mudanças na educação

Ao longo dos anos, o professor Clayton Reis viu a educação se transformar — dos quadros de giz à era digital. Para ele, a tecnologia trouxe avanços incontestáveis, mas também impôs novos dilemas éticos, especialmente no campo jurídico. “A maior revolução no Direito foi a introdução da informática. Hoje, o desafio é entender a relação entre o Direito e a Inteligência Artificial”, analisa.

Mesmo reconhecendo o poder das máquinas, ele é categórico: “O computador pode ser desplugado, mas o juiz, não. As decisões judiciais envolvem emoções humanas e isso jamais será substituído.”

Essa visão humanista transborda para a sala de aula, onde o professor acredita que seu papel vai além de ensinar normas ou teorias. “O professor deve transmitir valores e consciência. Sempre digo aos meus alunos: vocês são livres para fazer escolhas, mas serão prisioneiros das consequências delas.”

O professor e seu tempo

Ao comparar sua geração com a atual, o mestre reconhece mudanças profundas na dinâmica acadêmica.

“Na minha época, o professor era uma autoridade máxima em sala. Hoje há mais liberdade, mas também o risco de abuso dessa liberdade. E o Direito termina onde começa o abuso. Muitos alunos perderam a ideia dos limites desses direitos. O resultado é a polarização que se dissemina em sala de aula e os conflitos que se sucedem. Nesse ambiente, cabe ao professor entender a realidade e apaziguar os interesses em confronto.”

Para o professor do UniCuritiba, é papel do educador mediar conflitos e ensinar o valor do equilíbrio. “A virtude está no meio”, cita, em latim: virtus in medio. Com tanta experiência e sem temer os desafios, Clayton vê com otimismo o perfil dos novos estudantes de Direito.

“A nova geração tem um padrão de conhecimento mais elevado, reflexo do acesso facilitado à informação e da intensa comunicação do mundo moderno. Nossos alunos são mais investigativos, mais conectados e comprometidos com a pesquisa. Nesse cenário, o Direito se tornou multidisciplinar e fascinante”, diz.

De acordo com o professor, nos programas de mestrado e doutorado, por exemplo, é notável o avanço do processo investigativo. “Nossos estudantes desenvolvem pesquisas de grande profundidade e relevância, demonstrando preocupação em conquistar seu espaço em uma sociedade cada vez mais competitiva, tanto no campo acadêmico quanto no social e econômico.”

Um tributo ao magistério

Aos 82 anos, Clayton Reis continua lecionando com entusiasmo. Para ele, ensinar é mais que uma profissão. É uma missão de vida. “Aprendi que os seres humanos são como paraquedas: só funcionam quando estão abertos. O professor é aquele que ajuda a abrir essas mentes.”

No Dia do Professor, sua trajetória é um lembrete de que a educação é o fio que entrelaça gerações, valores, condutas e esperanças. E poucos sabem conduzir esse fio com tanta lucidez, elegância e paixão quanto o professor Clayton Reis — o mestre que continua conduzindo seus alunos “ao limiar de suas próprias mentes”. 

Sobre o UniCuritiba

O UniCuritiba completa 75 anos de tradição e excelência em 2025. A instituição é reconhecida como referência entre os paranaenses e, pelo MEC, como uma das melhores instituições de ensino superior de Curitiba (PR).

Destaca-se por ter um dos melhores cursos de Direito do país, com selo de qualidade OAB Recomenda em todas as suas edições, além de ser referência na área de Relações Internacionais.

Integrante do maior e mais inovador ecossistema de ensino de qualidade do Brasil, o Ecossistema Ânima, o UniCuritiba conta com mais de 70 opções de cursos de graduação em todas as áreas do conhecimento, além de pós-graduação, mestrado e doutorado.

Possui uma estrutura completa e diferenciada, com mais de 60 laboratórios e professores mestres e doutores com vivência prática e longa experiência profissional. O UniCuritiba tem seu ensino focado na conexão com o mundo do trabalho e com as práticas mais atuais das profissões, estimulando o networking e as vivências multidisciplinares.

Mirella Pasqual

Mirella Pasqual

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