Revogação da Guarda Municipal em Cianorte escancara falhas no planejamento de Ratinho Junior

Revogação da Guarda Municipal em Cianorte escancara falhas no planejamento de Ratinho Junior

O governador que sonha com o Planalto, mas deixa buracos e falta de segurança nos municípios

Durante sua recente passagem por Maringá, Ratinho Junior (PSD) preferiu fugir da pergunta feita por um jornalista de O Diário de Maringá sobre a decisão de reduzir o IPVA em 45% sem oferecer qualquer compensação financeira às prefeituras. A atitude de evitar o debate não apaga o fato de que a medida, embora popular entre os proprietários de veículos, representa uma ação fiscalmente irresponsável que já começa a cobrar um preço alto dos municípios paranaenses.

Não se trata de ser contra a redução de impostos, algo que, em tese, pode estimular o consumo e aliviar o bolso do contribuinte. O problema está na forma como Ratinho Junior conduziu o processo: sem diálogo, sem planejamento e sem um mecanismo de compensação que ampare os municípios, principais prejudicados com a queda brusca da arrecadação.

O exemplo de Cianorte mostra com clareza os efeitos dessa política. O prefeito Marco Antônio Franzato (PSD) foi obrigado a revogar o edital de concurso público para a criação da Guarda Municipal, um projeto aguardado pela população e essencial para reforçar a segurança pública. O próprio decreto municipal é claro: a decisão foi tomada diante da “diminuição da receita do Município com a perda substancial de arrecadação de tributos, como a cota-parte do IPVA já para o ano de 2026”.

Ou seja, o populismo fiscal de Ratinho Junior impacta diretamente a capacidade dos prefeitos de manter serviços básicos e investir em novas políticas públicas. O corte no IPVA pode até render aplausos momentâneos, mas desestrutura o planejamento orçamentário de cidades que dependem desses repasses para sustentar escolas, creches, postos de saúde e segurança.

Ratinho Junior, que alimenta o sonho de ser presidente da República, ainda não demonstra ter o planejamento e a visão de gestão que o cargo exige. Grande parte do que divulga em propagandas oficiais, como o chamado “maior programa de asfalto da história do Paraná”, funciona apenas na televisão. Quem quiser confirmar, basta percorrer cidades da região, como Santo Inácio e Colorado, para ver a realidade das ruas e o quanto o discurso se distancia dos fatos.

Ratinho Junior, ao reduzir o imposto sem responsabilidade federativa, transfere o ônus político e financeiro aos municípios, exatamente onde o cidadão busca soluções concretas para seus problemas cotidianos. Em vez de fortalecer a autonomia municipal, Ratinho Junior age como se governar fosse apenas agradar o eleitorado com medidas de efeito imediato, sem medir as consequências de médio e longo prazo.

O silêncio de Ratinho Junior em Maringá, diante de uma pergunta legítima da imprensa, é revelador: falta disposição para enfrentar o debate com transparência. A boa política não se faz com slogans ou anúncios de impacto, mas com equilíbrio fiscal, diálogo e responsabilidade compartilhada.

Reduzir impostos é importante, sim, mas fazê-lo à custa da fragilidade dos municípios é uma escolha política perigosa. E quem pagará a conta, no fim, será o cidadão paranaense.

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

Notícias de Maringá e região em primeira mão com responsabilidade e ética

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *