Gestão Silvio Barros deve fazer varredura na Fazenda após escândalo com secretário?

Gestão Silvio Barros deve fazer varredura na Fazenda após escândalo com secretário?

A operação da Polícia Federal que apreendeu bens do secretário de Fazenda de Maringá, Carlos Augusto Ferreira, e apura seu suposto envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao PCC, expõe uma situação grave e que exige respostas urgentes da administração municipal.

Mesmo que a indicação de Ferreira tenha partido da classe empresarial e que, no momento da nomeação, toda a documentação estivesse regular, o fato de ele ter permanecido nove meses à frente de uma das pastas mais estratégicas do governo, responsável por um orçamento superior a R$ 3 bilhões, impõe à gestão Silvio Barros uma obrigação moral e administrativa: realizar uma varredura completa nas contas públicas.

É necessário verificar contratos, fornecedores, empresas terceirizadas e convênios firmados no período em que o secretário esteve no cargo. A Prefeitura não pode correr o risco de ter sido utilizada, mesmo que indiretamente, como instrumento de lavagem de dinheiro. Com um orçamento bilionário e grande poder de influência, a Secretaria da Fazenda é uma porta de entrada tentadora para quem busca legitimar recursos ilícitos.

Há quem argumente que a Secretaria da Fazenda não realiza contratações de serviços, compras ou prestação direta de atividades, limitando-se a efetuar pagamentos. No entanto, é preciso reconhecer que o cargo de secretário da Fazenda exerce enorme influência sobre outras secretarias. Se houvesse má intenção, seria possível, por meio dessa posição estratégica, facilitar ou intermediar contratações de serviços em outras pastas com empresas ligadas ao crime organizado. Essa possibilidade, por si só, reforça a necessidade de uma auditoria minuciosa.

O caso acende um alerta que vai além de Maringá. Situações semelhantes já foram registradas em outros governos, como em São Paulo e no Paraná, onde fintechs associadas a grupos criminosos chegaram a firmar negócios com o poder público. Ignorar os sinais seria repetir os mesmos erros.

A decisão do prefeito Silvio Barros de aceitar o afastamento de Carlos Ferreira foi o primeiro passo, mas insuficiente diante da gravidade dos fatos. O correto seria exonerar o secretário de forma definitiva e, sobretudo, impedir que qualquer pessoa ligada à empresa suspeita ou ao seu círculo de atuação venha a ocupar o cargo, mesmo que interinamente.

A imagem de uma gestão que busca “fazer a coisa certa” depende de transparência, rigor e distanciamento absoluto de qualquer sombra de irregularidade. Se há dúvidas, que sejam dissipadas com auditoria e ação firme. O silêncio e a complacência, neste momento, seriam cúmplices da desconfiança.

A Prefeitura de Maringá precisa agir com transparência total. O caso de Carlos Augusto Ferreira não é apenas um problema individual, mas um teste de integridade para todo o governo municipal.

Redação O Diário de Maringá

Redação O Diário de Maringá

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