Se fosse no morro, Roberto Jefferson teria saído vivo?

Se fosse no morro, Roberto Jefferson teria saído vivo?

Nos últimos dias, o país voltou a se chocar com a morte de mais de cem pessoas em uma operação policial no Rio de Janeiro. Um número assustador que levanta uma questão inevitável: por que tantos mortos e tão poucos presos? E, mais ainda, por que o tratamento é tão diferente quando os envolvidos não moram no morro?

Basta lembrar o caso de Roberto Jefferson. O ex-deputado, ao resistir à prisão, atirou contra agentes da Polícia Federal e lançou granadas, ferindo policiais. Mesmo assim, saiu vivo. Foi preso, recebeu atendimento médico e teve direito à defesa, como deve ser em um Estado Democrático de Direito.

Então, fica a pergunta que não quer calar:
Por que os homens do morro não tiveram a mesma chance?

A resposta, infelizmente, parece estar nas desigualdades históricas que atravessam o Brasil. O CEP, a cor da pele e a condição social ainda definem quem tem direito à vida e quem será julgado e condenado antes mesmo de qualquer processo.

Não se trata de defender criminosos. Trata-se de defender a Constituição, que garante o direito à vida e o devido processo legal a todos. O que se viu nas vielas do Rio não foi apenas uma operação policial. Foi um massacre que reforça a velha lógica de que há brasileiros de primeira e de segunda categoria.

Se Roberto Jefferson teve o direito de se render e viver, por que os jovens do morro não?
A justiça não pode ser seletiva. Quando o Estado escolhe quem merece viver, ele deixa de ser Estado de Direito e passa a ser apenas Estado de Exceção.

Redação O Diário de Maringá

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