Tem empresários financiando a possível greve política dos caminhoneiros, diz Chorão
O Diário de Maringá conversou nesta quarta-feira (19h20) com Wallace Landim, o Chorão, líder que ficou nacionalmente conhecido por organizar a greve dos caminhoneiros de 2018 e atual presidente da ABRAVA (Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores). Chorão fez um alerta contundente: há uma tentativa de utilizar o nome dos caminhoneiros em um movimento político, que estaria sendo articulado para os próximos dias com fins eleitorais.
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“Não permitirei que usem a categoria para defender político A ou B”
Ao ser questionado sobre a possibilidade de uma nova paralisação nacional, Chorão foi direto:
“Eu não vou deixar usar a categoria mais uma vez para defender político A ou político B. Político tem que ser cobrado, não idolatrado.”
Ele explicou que participou de uma reunião recente na qual surgiram pautas ligadas à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, como pedidos de anistia e questões jurídicas, temas fora do escopo do transporte rodoviário.
Chorão deixou claro que a pauta apresentada não representa a categoria e que a tentativa possui viés político.
Não há deliberação nacional para greve
Segundo o presidente da ABRAVA, não foi realizada assembleia nacional e não houve consulta aos caminhoneiros das cinco regiões do país:
“Não conversaram com o Porto de Santos, não conversaram com o Sul, com o Norte, com o Nordeste, com o Centro-Oeste. Quem decide uma paralisação é a categoria.”
Ele também revelou que pessoas que participaram da greve de 2018 estão envolvidas, mas sem legitimidade para liderar um movimento nacional em 2025.
Empresários teriam oferecido financiamento ao movimento
Durante a reunião da semana passada, Chorão afirmou que ouviu relatos de que empresários estariam dispostos a financiar a paralisação:
“Isso me deixou muito preocupado. Não disseram quem são, mas afirmaram que teria apoio financeiro.”
Para ele, essa articulação reforça o caráter político do ato.
Governo Federal tem dialogado, mas lobby atrasa avanços
Chorão relatou que, apesar das dificuldades, o Governo Federal tem mantido diálogo com o setor:
- Reunião em 27 de novembro, na Esalog, em Piracicaba, para tratar da planilha de custo mínimo;
- Audiência pública recente na ANTT para receber contribuições.
A ANTT tem até 2 de janeiro para publicar a nova versão da planilha. Apenas após essa data, segundo ele, a categoria poderá deliberar sobre manifestações legítimas.
“Tem conversa, tem diálogo. Mas o avanço é lento porque o lobby em Brasília é muito forte.”
“Se quiser manifestar, vá como cidadão. Não pare o caminhão.”
Chorão fez um apelo direto aos caminhoneiros:
“Peço muita responsabilidade. Não parem por causa de política. Quem quiser participar, vá como cidadão, mas não use o caminhão. Quem parar pode ser punido.”
Ele reforçou que não há motivo técnico para paralisação e que o setor precisa de estabilidade para negociar pautas reais.
ABRAVA: atuação e desafios
Como presidente da ABRAVA, Chorão explicou que a entidade atua em diversas frentes:
- Regulamentação de motoristas de aplicativo;
- Enfrentamento ao roubo de cargas;
- Denúncias sobre infraestrutura precária;
- Pautas na Casa Civil e na ANTT;
- Participação no Fórum TRC.
Um dos conflitos atuais envolve grandes embarcadores, muitos ligados ao agronegócio, que estariam boicotando veículos de 5, 6 e 7 eixos para evitar cumprir a Lei 13.703, que trata da planilha de custo mínimo.
Ouça a entrevista na íntegra em áudio


