Geografia errada, matemática que não fecha e narrativa afinada: o retrato do governo Ratinho Junior segundo seus próprios dados

Geografia errada, matemática que não fecha e narrativa afinada: o retrato do governo Ratinho Junior segundo seus próprios dados

Foi comprovado hoje, com base em dados divulgados pelo próprio governo Ratinho Junior, que o governador tem enfrentado dificuldades em temas fundamentais para qualquer gestor público. A primeira delas apareceu na área da geografia. Em uma entrevista recente, Ratinho Junior afirmou que o rio que separa Paraná e São Paulo seria o Iguaçu. A divisa entre os estados, no entanto, é o Rio Paranapanema, algo amplamente conhecido. A fala gerou questionamentos, sobretudo porque diversas cidades do Vale do Paranapanema convivem com estradas em condições precárias, apesar do discurso de que o asfalto estaria chegando a todos os municípios.

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Agora surgem dúvidas também na matemática. Quando questionado pelo jornalista Gilmar Ferreira, do O Diário de Maringá, sobre os impactos da redução de 45% no IPVA, o governador apresentou uma explicação que não correspondia aos números reais. Ao ser confrontado, encerrou a coletiva. No entanto, os dados publicados hoje pelo governo deixam claro que o jornalista estava correto.

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Maringá possui atualmente 355.630 veículos registrados. Uma redução de 45% no IPVA equivale, na prática, a como se 45% dessa frota deixasse de pagar o imposto de uma hora para outra. Isso significa um impacto equivalente a aproximadamente 160 mil veículos. É esse o tamanho da perda potencial de arrecadação para o município.

Diante desse cenário, o governo tenta argumentar que o aumento de emplacamentos no estado compensaria a renúncia fiscal. No entanto, entre 20 de agosto e 30 de novembro, o Paraná registrou 229.245 novos emplacamentos, sendo 146.691 veículos novos e 82.554 transferidos de outros estados. Em comparação com o mesmo período do ano passado, o estado teve um saldo positivo de 51.593 veículos.

Aí está o ponto central. Se considerarmos apenas os veículos transferidos de outros estados, foram 82.554 em todo o Paraná. Ou seja, em três meses, o estado inteiro recebeu pouco mais da metade do necessário apenas para compensar Maringá. Em números práticos, o que aumentou no Paraná representa aproximadamente um terço do que Maringá precisaria para equilibrar o impacto da redução do IPVA. E se aplicarmos esse cálculo somente ao que entrou especificamente em Maringá, a distância entre realidade e discurso se torna ainda maior.

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Os próprios números mostram que a narrativa de compensação não se sustenta. O aumento de emplacamentos no estado não cobre nem de longe a queda gerada pela renúncia fiscal. E o resultado é direto: quando o Estado abre mão de receita sem um plano concreto de reposição, os municípios precisam buscar alternativas. Muitos recorreram ao aumento de outros impostos, como o IPTU, para evitar prejuízos em áreas essenciais.

Reduzir tributos é positivo e desejável, mas exige planejamento, transparência e responsabilidade. A população merece saber o impacto real das decisões que afetam seu cotidiano e suas contas. Os dados divulgados hoje pelo governo Ratinho Junior mostram uma realidade diferente da apresentada anteriormente. A matemática é clara e independe de narrativas; ela apenas revela o que de fato aconteceu.

O que os contribuintes pagaram a menos em IPVA acabou sendo compensado por aumentos em outros impostos, entre eles o IPTU.

Redação O Diário de Maringá

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