Mediação Cultural: obra de paranaense ensina como fazer a ponte entre público e arte
Professor da rede pública de ensino no Norte Pioneiro e autor do livro “Mediação – Fundamentos e Práticas Educativas” abraçou missão de ampliar acesso e compreensão dos visitantes nos museus
Imagine a cena: visitantes entram em uma exposição artística e se deparam com caixas e livros confeccionados com diferentes materiais. Sem compreender a proposta, eles saem sem saber que a mostra é interativa, e que deveriam manusear as obras para descobrir conteúdos surpreendentes e cheios de significado ao abrir, tatear ou folhear as peças. A cena é um exemplo do que rotineiramente acontece nos museus e galerias: o público perde a oportunidade de apreciar e aprender por falta de informações sobre acervo e autores.
Foi com base nas experiências negativas em visitas a espaços culturais que o professor, mestre, doutor e pós-doutor em Educação, Fábio Antônio Gabriel , decidiu aprofundar seus estudos sobre mediação cultural e pensar mecanismos de estimular profissionais com diferentes formações a fazerem a ponte entre público, arte e cultura. O resultado da pesquisa está na obra “ Mediação – Fundamentos e Práticas Educativas ”, que ensina, de forma didática, o passo a passo para que o contato do público com a arte e cultura seja transformado em conhecimento.
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De acordo com o autor, pós doutor em Educação, professor universitário e da rede pública de ensino, a mediação cultural enriquece a experiência de públicos de todas as idades e perfis socioculturais. “A cultura não está somente no banco escolar e há enorme valor nas diferentes experiências de educação não formal. Mas, sem referências e mediação cultural, o processo de entendimento fica comprometido, o que muitas vezes contribui para que as pessoas não se sintam atraídas por exposições de artes e museus com acervos documentais, de antropologia, ciências, arqueologia e história, entre outros”, defende.
Dados da pesquisa “Museus: Narrativas para o Futuro”, da Oi Futuro – publicados pelo jornal O Globo – revelam que mais da metade dos 600 entrevistados consideram os museus “monótonos” e “elitizados”. Outro levantamento, da JLeiva Cultura & Esporte – que ouviu 19.500 pessoas – mostrou que mais de um terço (36%) dos moradores das capitais brasileiras nunca sequer entraram em um museu.
As consequências da carência de mediação cultural aparecem também no estudo “O Comportamento Informacional dos visitantes de museu” – dissertação de mestrado em Comunicação na Universidade do Porto, em Portugal. De acordo com a autora do estudo, Gláucia Nascimento Xavier, uma das conclusões da pesquisa é de que a maioria dos visitantes sai dos museus com “gaps” de informação. Dos visitantes do Museu de Arte Contemporânea de Inhotim, entrevistados por ela, 82% disseram que buscariam informações depois da visita, para entender o significado das obras. No Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, o percentual foi de 71%.
Segundo o professor Fábio Gabriel, o papel do mediador é fazer com que o público compreenda obras, conceitos, contextos históricos e culturais, de maneira envolvente e acessível. “Além de conhecimento, o mediador precisa ter empatia, para acolher as impressões do visitante e sua percepção e sensibilidade estética. Não se trata de direcionamento ou indução sobre como o público deve perceber ou avaliar um quadro, escultura ou peça de valor histórico, mas de oportunizar que ele entenda o que está vendo e vivencie a experiência de forma mais completa”, explica.
Mediador cultural: uma missão para muitos
Embora a mediação cultural dialogue de forma mais óbvia com a formação em Museologia, profissionais de diferentes áreas podem exercer a função. Alguns exemplos são turismólogos, educadores, historiadores, artistas e arqueólogos. Mas a obra, diz Fábio Gabriel, foi feita para diferentes perfis de leitores.
Na visão do autor, além do exercício profissional da mediação cultural, o conhecimento sobre o tema permite que pessoas que contribuem para o acesso e compreensão da arte, cultura e história exerçam o papel com mais assertividade. “Professores são mediadores culturais, porque levam cultura e conhecimento aos alunos. Os jornalistas, como formadores de opinião, também o são, assim como os críticos de artes”, afirma.
Para ele, as famílias também exercem um papel importante na formação cultural desde a infância. “Carregamos conhecimentos culturais que vêm de casa. O lazer associado à arte e cultura, com a música, literatura e os passeios que valorizam o patrimônio histórico e cultural dos lugares. A cultura popular e os hábitos de consumo que as famílias têm fazem com que os filhos herdem o gosto por visitar museus, ler, frequentar teatros e ir ao cinema”, completa.
O livro “Mediação – Fundamentos e Práticas Educativas” está disponível no site da editora Inter Saberes e principais livrarias online. A obra integra a bibliografia do curso de graduação de Artes Visuais do Centro Universitário Uninter, com sede em Curitiba (PR). Outros títulos sobre Educação e Filosofia, assinados ou organizados por Fábio Gabriel, também estão disponíveis para baixar gratuitamente no canal www.fabioantoniogabriel.com.
Sobre o autor
Com cinco formações universitárias, em Filosofia, Letras, Pedagogia, Ciências Sociais e Teologia, Fábio Antônio Gabriel tem especializações em Filosofia e Ética, Metodologia de Ensino de Filosofia e Sociologia, Ensino Religioso, Gestão e Organização da Escola e Psicopedagogia Clínica e Institucional. É mestre e doutor em Educação, e tem dois pós-doutorados, ambos pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG): um em Educação e o outro em Ensino de Ciências e Educação Matemática.
Nascido em Quatiguá, no Norte Pioneiro do Paraná, reside em Joaquim Távora e leciona em Santo Antônio da Platina e Jacarezinho. É professor de Filosofia no Colégio Estadual Rio Branco e de Fundamentos e Teorias da Educação, além de Extensão e Metodologias de Pesquisa, nos cursos de Letras Inglês e Letras Espanhol da Universidade Estadual do Norte Pioneiro (UENP).


