Projeto de lei idealizado por Giselli Bianchini confronta princípios bíblicos de misericórdia

Projeto de lei idealizado por Giselli Bianchini confronta princípios bíblicos de misericórdia

A vereadora Giselli Bianchini se apresenta publicamente como cristã e evangélica, identidade que frequentemente carrega consigo valores como compaixão, misericórdia e cuidado com os mais pobres. No entanto, seu projeto de lei que busca desestimular a população a dar esmolas expõe uma contradição evidente quando confrontado com os próprios ensinamentos bíblicos que fundamentam o cristianismo.

A Bíblia não trata a esmola como algo secundário ou dispensável. Ao contrário, ela a coloca como prática essencial da fé. Em Mateus 6:2, Jesus é direto ao afirmar: “Quando deres esmola, não toques trombeta diante de ti”. O texto não questiona se o fiel deve dar esmola, mas apenas orienta como fazê-lo, com discrição e humildade. A esmola é apresentada como um dever moral, não como um erro social a ser combatido.

Em Provérbios 14:31, a Escritura é ainda mais incisiva ao dizer que quem oprime o pobre insulta aquele que o criou, mas quem se compadece do necessitado honra a Deus. Ao tentar desencorajar a ajuda direta aos mais vulneráveis, o projeto acaba colidindo com esse princípio básico de respeito ao próximo e, consequentemente, a Deus.

O Novo Testamento reforça essa lógica de forma contundente. Em Lucas 11:41, Jesus afirma: “Dai esmola do que tendes, e tudo vos será limpo”. Já em Lucas 12:33, Ele orienta: “Vendei o que tendes e dai esmolas”. Não há relativização nem condicionantes burocráticos. A caridade aparece como expressão prática da fé.

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Talvez o trecho mais desconfortável para quem se diz cristão, mas rejeita a esmola, esteja em Mateus 25:35, quando Cristo afirma: “Tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber”. O critério apresentado não é a criação de campanhas institucionais ou a instalação de placas educativas, mas a resposta concreta ao sofrimento humano.

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Esse ensinamento se torna ainda mais claro no episódio da multiplicação dos pães e dos peixes, narrado nos Evangelhos, como em Mateus 14:13-21. Jesus estava às margens do Mar da Galileia, também chamado de Lago de Tiberíades ou Genesaré, cercado por uma multidão faminta. Diante da escassez, Ele não dispersou o povo nem lhes ofereceu uma lição abstrata sobre como produzir alimento no futuro. Também não ensinou a pescar, apesar de vários de seus apóstolos serem pescadores experientes e terem plenas condições de dar esse tipo de instrução.

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Se a prioridade fosse dar oportunidades “ensinar a pescar”, talvez tivesse multiplicado varas, redes ou organizado uma aula prática à beira do mar . Mas não foi isso que Ele fez. Jesus preferiu multiplicar o pão e o peixe para saciar de imediato a fome do povo. Primeiro veio o alimento, depois o ensinamento. Primeiro a misericórdia concreta, depois a formação. O gesto deixa claro que, para o cristianismo, a necessidade urgente não pode ser ignorada em nome de discursos pedagógicos ou soluções futuras.

A tentativa de substituir a esmola por uma campanha institucional com o slogan “Não dê esmolas, dê oportunidades” pode soar moderna no discurso político, mas se distancia do ensinamento cristão que valoriza a ajuda imediata a quem sofre agora. O próprio livro de Tiago, no capítulo 2, versículos 15 a 17, adverte contra esse tipo de fé abstrata ao afirmar que, se alguém vê um irmão necessitado e apenas deseja que ele fique bem, sem lhe dar o que é necessário para o corpo, essa fé está morta.

É legítimo discutir políticas públicas estruturantes e caminhos para superar a pobreza. O que não se sustenta é usar a identidade cristã como bandeira política enquanto se propõe desestimular justamente uma das práticas mais reiteradas nas Escrituras, a caridade direta ao necessitado.

Quando uma vereadora que se diz cristã combate a esmola sem garantir que o Estado esteja efetivamente oferecendo as oportunidades prometidas, o que se vê não é fidelidade ao Evangelho, mas um afastamento claro de seus fundamentos. A Bíblia é inequívoca ao ensinar que fé sem misericórdia não é virtude. É contradição.

Redação O Diário de Maringá

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